sábado, 23 de fevereiro de 2019

Apreciei, não apreciei, deixou-me indiferente


Dos acontecimentos de ontem apreciei:
- a tolerância de ponto para o dia de Carnaval decidida pelo governo para os trabalhadores em funções públicas nos serviços da administração direta do Estado e nos institutos públicos. É claro que quem achou muito bem o corte de feriados na época de Passos Coelho pode perfeitamente ser coerente consigo mesmo e comparecer ao serviço para, eventualmente, reduzir o que tiver em atraso.
- a iminente chegada a Portugal do ex-deputado federal brasileiro Jean Wyllys, que vem participar em conferências em Lisboa e Coimbra para desagrado dos fascistas, como se depreende dos seus arrotos nas redes sociais. Mas importa estar atento aos seus émulos brasileiros, que se vieram instalar em Portugal e daqui deveriam ser remetidos à precedência ou aos riscos potenciais vividos por Lula na prisão, que são bem reais segundo o político em causa.
- o artigo de Daniel de Oliveira no «Expresso« em que elogia Mariana Vieira da Silva e zurze justificadamente contra Rui Rio, que fez dela um inacreditável tema de campanha rasteira: “Mariana Vieira da Silva não chegou ao Governo às cavalitas do seu pai. Não foi ele quem a convidou, não é por causa dele que lá está. E fazer essa acusação, falando de nepotismo para atacar a promoção daquela que foi um dos principais pivôs políticos deste Governo, não é apenas injusto. Por envolver uma dimensão pessoal que quando as pessoas têm méritos próprios pode ser mais um fardo de o que um privilégio, é cruel. Rui Rio não é um político especialmente talentoso ou denso. Mas tenho-o por um homem sério, pouco dado aos ataques pessoais. Ter chamado à colação do debate político o parentesco da nova ministra da Presidência com o ministro do Trabalho não é um gesto que se esperaria dele. Um passo escusado para quem se quer destacar por não recorrer à baixa política.”
Dos acontecimentos de ontem não apreciei:
- que a ministra da Saúde tivesse telefonado ao figurão em suposto jejum em frente ao Palácio de Belém para lhe dar notícia do recomeço das negociações na próxima semana. A chantagens desse tipo não se dão importância, devem-se liminarmente desprezar. Se reunião se justifica é com os sindicatos, que não andaram a agir de forma ilegítima de acordo com o que a PGR concluiu.
- que o Polígrafo tivesse dado espaço a Assunção Cristas para vender a sua versão da negociata com o genro de Cavaco. Ela tenta fazer-nos passar por tolos, mas a entrevista serviu, sobretudo, para esclarecer, em definitivo, o objetivo dessa página na net, que Jorge Coelho chegou a saudar inicialmente como iniciativa a ter em apreço. Agora ficámos elucidados.
Não me suscitou estado de alma particular:
· a morte de Arnaldo de Matos, embora nos idos dos anos 70, tenha-me sentido atraído pelas ideias do «grande educador do proletariado». Mas desde o apoio a Ramalho Eanes para a presidência, que senti não ser aquela a minha praça. Não porque me houvesse escusado a votar contra Soares Carneiro, se não estivesse então algures no Índico, mas porque os elogios ao vencedor foram tão esdrúxulos quanto o foram as suas mais conhecidas posições políticas desde então.

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