terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Má sorte ser mulher com quem lhes inferniza a vida


Má sorte a de ser mulher num país onde dez delas já foram assassinadas desde o início do ano como resultado da execrável violência doméstica para a qual não resultam campanhas publicitárias nem piedosas condenações dos principais responsáveis políticos do país. Se uma parte do país puxa a realidade para uma ponta, à espera de que ela se torne mais civilizada, que dizer de um juiz apostado em empurrá-la no sentido contrário, libertando energúmenos e verberando comportamentos femininos não coincidentes com os seus preconceituosos valores? Pode-se aceitar que os Netos de Mouras deste país continuem a caucionar as bárbaras violências de uns quantos biltres, que deveriam perdurar atrás de grades para não voltarem a ameaçar quem pretendem agredir como sendo objeto seu?
Má sorte a de ser humilhada e ofendida como a operária corticeira de Paços Brandão, ilegalmente despedida por dar assistência ao filho doente, e a quem os patrões sujeitam a condições medievais. Porque será que Marcelo, tão rápido a investir abraços e selfies, em tantas causas inócuas, não fez o menor esforço para influenciar a imposição da autoridade do Estado sobre quem a tem impunemente espezinhado? Cristina Tavares continua à espera que se lhe faça justiça, ou seja que o emprego, de que nunca deveria ter sido afastada, lhe seja devolvido.
Má sorte a de Paula, a habitante do Bairro do Lagarteiro no Porto, que saiu da prisão após cumprir a pena correspondente aos atos ilícitos em tempos cometidos - ou seja com a suposta dívida para com a sociedade integralmente paga! - e agora sem a casa onde vivia, quando estava pronta a reconstruir-se de acordo com a reabilitação reconhecida por todos quantos a conhecem e a sabem decidida a viver de acordo com os pressupostos da Lei. O que fez Rui Moreira, em cumplicidade com o seu vereador da Habitação? Despejou-a, negando-lhe a principal condição para ver-se bem sucedida nesse começar de novo. A decisão do autarca do Porto não se fica na qualificação de desumana. É uma crueldade, que define uma personalidade maligna, sem qualidades justificativas para ser o responsável pela defesa dos interesses dos seus munícipes. Rui Moreira porta-se como um crápula sem remissão!

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