Num artigo inserido no «Público» de ontem, Teresa de Sousa faz uma leitura da razão de ser do mal estar social por que passa a generalidade da Europa, nela crescendo a influência dos partidos e movimentos de extrema-direita.
Segundo a jornalista a origem desse fenómeno reside na globalização, que trouxe como consequência imediata a estagnação dos rendimentos das classes médias. Estas, para não sentirem a perda de estatuto e de qualidade de vida apressaram-se a enredar-se na armadilha para elas criada por quem pretendia salvaguardar o essencial do sistema económico: as facilidades de crédito.
A ilusão perduraria se não tivesse ocorrido a crise financeira de 2008, que estancou essa alternativa. De repente ficou evidenciada a inevitabilidade da pauperização, sentida com uma incrédula frustração, tanto mais agudizada, quanto se tornou evidente a desigualdade crescente entre quantos podem estudar e aceder à informação e os que se veem empurrados para a retaguarda do pelotão social, sem esperança de voltarem a chegar-se mais à frente.
Criaram-se assim as condições para o momentâneo sucesso dos discursos populistas contra as elites.
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