Muita gente que aparece na televisão quer-nos tomar por parvos. Por exemplo, os que tanto têm pugnado por saberem quem são os grandes caloteiros da CGD e tudo quanto a famosíssima auditoria da Ernst & Young possa denunciar como más práticas nos anos em que gente grada do PS, do PSD e do CDS se foi rendendo nos sucessivos conselhos de administração. Agora, como que por acaso, vai crescendo o clamor dos que exigem a privatização do banco público a pretexto de o libertar desse tipo de não conformidades na gestão.
Aquilo que Passos Coelho queria fazer, mas não conseguiu por ter levado com a crise financeira em cima (de que, aliás se aproveitou para chegar ao poder!), pretendem-no fazer os de sempre, os que execram o papel do Estado na economia e só encontram vantagens na inexistente mão invisível, que beneficia, e de que maneira!, os que já tudo têm e, gananciosamente, anseiam por mais.
Outro exemplo é o do fantoche de Trump para tomar conta da Venezuela entregando às multinacionais norte-americanas do setor a exploração das maiores reservas de petróleo existentes no mundo.
Durante uns dias quiseram-nos vender a ideia das boas intenções do biltre, apenas apostado em devolver as liberdades democráticas ao povo e alimentá-lo. Daí que só de lá transmitissem as imensas manifestações a seu favor, escusando-se a darem-nos conta de outras, tão participadas quanto essas, mas de sentido oposto. A Casa Branca fez o que sempre tem tido em mente e, obsequiosos, uns quantos governos europeus, incluindo o nosso, prestaram-se a tristes comparsas da farsa. No entanto, e como as coisas não evoluíram como julgavam, as vozes golpistas foram alterando o discurso, dando razão a quem, em artigo de opinião, perguntava quantos dias faltavam para que o Pentágono descobrisse armas de destruição maciça nos arredores de Caracas, garantindo argumentação justificativa para a agressão militar.
Agora vimos, que tinham outra cartada preparada: ontem o golpista-mor anunciou a possibilidade de ser ele a apelar para a invasão ianque. Venham agora os meus amigos anti-chavistas aqui repetirem as suas ingénuas crenças quanto ao seu carácter democrático. Uma vez mais, o que se prepara é invasão imperialista que não terá por alibi a libertação dos venezuelanos de uma feroz ditadura, mas o descarado roubo das riquezas que só a eles deveria aproveitar.
Conclua-se com uma acrescida perplexidade a propósito da luta dos enfermeiros: como é possível que possam faltar cinco dias seguidos ou dez alternados sem qualquer justificação? Que outra classe profissional usufrui de tal mordomia? Compreende-se, assim, melhor a facilidade com que circulam entre os serviços mínimos prestados nos hospitais públicos, e os que lhes complementam os vencimentos nas clínicas privadas, onde sendo obrigados a revelarem-se bem mais empenhados, recebem comparativamente menos...
Não sobram dúvidas quanto à intenção da bastonária e dos grevistas em destruírem o Serviço Nacional de Saúde, tornando um direito constitucional num indecoroso negócio, que enriquece um punhado de ´«investidores».
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