Não é preciso ser particularmente sagaz para compreender que não passará muito tempo para que se multipliquem os exemplos de Helen Beristain. Vivendo no Estado de Indiana foi aí uma das mais entusiásticas apoiantes de Donald Trump em quem via uma espécie de salvador das classes remediadas da sua região. Mesmo sem que a realidade o justificasse, aceitou o discurso em prol de uma maior segurança à custa de novos muros impeditivos das vagas de emigrantes a sul do Rio Grande.
É certo que o marido, Roberto, viera a salto do México há quase vinte anos, mas que importava se o futuro presidente só prometia deportar para o México os «bad guys»?
Pelo contrário Roberto era um exemplo na sua comunidade: cuidando do restaurante da família e tido como um homem simpático sem mácula no cadastro. Nem sequer uma multa de estacionamento se lhe podia apontar.
Quando foi apanhado na rede dos polícias, incentivados a caçarem clandestinos, Roberto terá julgado tratar-se de um equívoco. Helen apareceu na CNN a defender a política de segurança do presidente, não querendo acreditar que ele ousasse separar as famílias. Ora, além dela, Roberto era o responsável pela educação dos três filhos adolescentes.
Hoje sente-se completamente traída, arrependida com a sua militância: apesar dos esforços dos advogados, Roberto foi colocado do outro lado da fronteira, na perigosa Ciudad Juarez, proibido de voltar.
De alguma maneira, Helen está a provar do veneno, que quis aplicar aos outros, àqueles que ela achava indignos de pertencerem à sua comunidade. De uma forma perversa faz-se justiça. Mas quantos eleitores terão de sentir a mesma amargura para compreenderem o logro em que quiseram cair?
Numa altura em que os Republicanos estão a alterar leis com décadas de existência para criarem a sua própria ditadura este é apenas um exemplo de como terão de ser os cidadãos a indignarem-se e a cuidarem da reversão deste estado das coisas.
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