Num programa da Antena 2 o jornalista Luís Caetano lembrou uma bem atual frase do filósofo Walter Benjamin, quando estava a entrevistar o escritor Gonçalo M. Tavares. Dizia mais ou menos isto: acordamos todas as manhãs com notícia do mundo, mas nada nos espanta, porque tudo nos é explicado. E eu acrescentaria mais: mal explicado. Porque televisões, rádios e jornais estão nas mãos dos donos do capital e acabam por expressar a verdade que lhes é conveniente por muito que seja a que mais colida com os interesses de quem ouve.
Podemos ter de Trump a opinião, que se sabe, mas não somos levados a indignarmo-nos por lançar mísseis ou superbombas para onde quer que seja. Mas se é o líder norte-coreano a fazer testes sem consequências, a não ser para os peixes da zona do oceano onde vão cair, logo surge um regabofe de críticas a quem, ora é classificado de louco, ora de facínora.
Durante os anos da troika também foi assim com a estória milhentas vezes repetida de estarmos a pagar os nossos pecados enquanto empedernidos consumidores. E o pior foi ter havido tanta gente a acreditá-lo, que voltou a votar em Passos Coelho apesar dos cortes e dos direitos de que tinham por ele sido espoliados.
As “análises” e as “explicações”, que nos prodigalizam quotidianamente nos media nada têm de inócuo: tentam-nos inocular uma mundivisão ideologicamente orientada.
Daí a importância desta e de muitas outras páginas das redes sociais onde se procuram desmontar as narrativas, que trazem agarradas intenções intelectualmente desonestas. É que, ao contrário do que por aí corre, não são apenas os espiões de Putin quem cria «fake news» para nos enganarem. Diariamente olham-se para os jornais e não faltam exemplos de mentiras e deturpações, distribuídas com a intenção de serem tantas vezes repetidas, que possam ser tidas por muitos como a mais cristalina das verdades…
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