Não esqueço a irreverência da juventude que me levou, inclusivamente, a deixar a casa dos meus pais, quando ainda era menor. Seria, aliás, o tribunal a atribuir-me o estatuto de maioridade que junto deles reivindicava. Poderia, por tal motivo, ter alguma complacência para com o comportamento indigno dos finalistas agora expulsos do hotel de Torremolinos por atos de puro vandalismo.
Entendamo-nos: sou contra as praxes, contra o lamentável espetáculo de estudantes universitários a envergarem fardas carnavalescas e contra estas viagens de finalistas marcadas por álcool em excesso e contratação de strippers para justificarem o que dizem ser a vivencia da «loucura».
Concordo com tudo quanto Miguel Sousa Tavares disse no seu comentário semanal na SIC: é lamentável Portugal andar nas bocas do mundo por tais motivos e, ao mesmo tempo, não podemos esquecer que jovens da mesma idade estavam, à mesma hora, a morrer nas travessias do Mediterrâneo ou nos teatros de guerra na Síria.
Os que temos visto a mais se enterrarem com explicações pretensamente justificativas personificam efetivamente essa condição rasca que, em tempos, Vicente Jorge Silva lhes atribuiu. E tenho sérias dúvidas que a estupidez de que aparecem eivados seja estado passageiro como o antigo diretor do «Público» preconizava. Os que desta geração serão os que dela emergirão como esperançosos expoentes nos vários campos dos saberes em que venham a especializar-se não terão estado ali. Provavelmente terão considerado que os quinhentos euros da viagem e da estadia terão sido melhor aproveitados noutros investimentos importantes para serem melhores pessoas.
Por isso estou com Miguel de Sousa Tavares quando diz que, nesta história, antipatiza com todos: com a chusma de vândalos, com as agências de viagens e hotéis, que faturam com estas iniciativas, sem esquecer as marcas de cerveja, de vodka e outras bebidas alcoólicas, que não enjeitam a criação de dependências tóxicas a jovens ainda sem sequer idade legal para as consumirem.
Sem comentários:
Enviar um comentário