1. O que já se sabe dos trabalhos da Comissão Eventual para a Transparência no Exercício de Funções Públicas, reportados por Pedro Delgado Alves na edição de hoje do «Público» abre expetativas otimistas para que se tornem objeto de melhor escrutínio a atividade dos deputados e dos lobistas, que junto deles tentam obter benefícios para terceiros.
Uma Democracia só se fortalece com a atuação preventiva junto das situações, que potenciem a corrupção. Tirando designadamente argumentos a populistas do estilo de Paulo Morais, muito lesto a denunciar em tese múltiplos indícios e incapaz de provar o que quer que fosse.
Ao confiarem no escrutínio feito por entidades impolutas aos seus representantes nos diversos patamares das funções públicas, os portugueses estarão habilitados a mais maduras escolhas, livrando-se tanto quanto possível da sinistra influência dos tabloides.
2. Confesso que esperava mais da apreciação da DBRS sobre a economia portuguesa conhecida esta semana. Mas também compreendo que sendo a sua avaliação acima das demais agências de rating, e sendo previsível, que elas se tentem equiparar no veredito, seja mais fácil constatar essa revisão em alta da Moody’s, da Standard and Poor’s ou da Fitch do que da empresa canadiana.
Talvez Marcelo tenha razão quando prevê essa revisão para a avaliação subsequente à saída de Portugal do Procedimento por Défice Excessivo. É que já não faz qualquer sentido termos a dívida classificada como «lixo».
3. Dias atrás abordei a questão do presidente laranja de Paços de Ferreira se ter tentado intrometer na eleição da Associação do setor do calçado, procurando que a sua nova direção deixasse de ser conotada com a do empresário Fortunato Frederico, conhecido pela sua filiação á esquerda, para ser conquistada pelos que haviam tido em Cavaco Silva um dos seus mais inexplicáveis gurus.
Cumprido o ato eleitoral a vitória de Luis Onofre, que continua a linha estratégica da direção anterior, é a garantia de se prosseguir o excelente trabalho pelo qual o setor se tornou resiliente à mudança dos tempos e se tornou num dos mais dinâmicos de entre os dedicados preferencialmente para a exportação.
Mais uma vez os apaniguados de Passos Coelho ficaram impossibilitados de estragar o que tão positivamente estava a ser feito.
4. David Dinis e Rita Siza foram entrevistar o antigo presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso e deram-lhe honras de primeira página e outras três no interior. Lendo as declarações de um dos maiores instigadores ao impeachment de Dilma Roussef conclui-se nada ter ele de substancial a revelar. Apesar do que já se viu entretanto acontecer com o governo golpista de Temer, ele não manifesta arrependimento por ter colaborado num tão veemente corte com a normalidade constitucional.
É um mistério - ou talvez o não seja de facto - a importância, que continua a ser conferida a tão nociva personalidade.
5. O que se ficou a saber do atentado ao autocarro do Borussia Dortmund é eloquente quanto à falta de escrúpulos, que grassa em torno das especulações bolsistas: criar um esquema de enriquecimento à conta da queda da cotação de uma instituição contra a qual se organiza um atentado terrorista diz bem do tipo de comportamentos suscitados por esta fase crepuscular do capitalismo. Mas que, vendo bem as coisas, têm sido prática comum, embora melhor disfarçada pelos grandes especuladores, que enriqueceram à custa do empobrecimento de países, da destruição de empresas e da condenação à miséria de amplas camadas populacionais incapazes de associarem as suas desgraças aos jogos da fortuna e do azar de uns quantos crápulas.
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