A notícia da destruição de um sítio arqueológico no distrito de Beja pelas máquinas utilizadas na escavação profunda do terreno, a fim de se instalar um sistema de rega destinado à plantação de olival, é um bom exemplo de como continua a existir um total alheamento dos empresários a respeito do que pode enriquecer a memória do Património nacional.
Quando eu era miúdo vi algo de semelhante na quinta do meu avô: escavando o solo para criar um poço no pátio deu de caras com um túnel provavelmente dos tempos dos romanos e onde o meu tio Calisto penetrou até onde foi possível, de lá trazendo pedaços de ânforas e moedas ou medalhões em ouro.
Porque ainda se vivia no tempo de Salazar e o meu avô, quase analfabeto não tinha outra consciência senão o medo de se ver espoliado da propriedade, avançou com o projeto do referido poço, tapando o acesso ao túnel e exigindo silêncio absoluto de todos quantos ficaram guardiões do seu segredo.
Cinquenta anos depois, e por certo salvaguardados os interesses dos que descobrem nas suas terras este tipo de achados, seria crível que tal tipo de atentados à nossa cultura histórica não se repetissem. Mas de um empresário, que quer ver as oliveiras o mais rapidamente possível a dar fruto, sobra em ganância o que deveria prevalecer em sentido cívico. E nada conseguiram aproveitar os arqueólogos enviados ao local pelas autoridades incumbidas de prevenir tais casos...
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