… mas não são mais do que isso mesmo. Com os tomahawks lançados na Síria e com o MOAB deflagrado no Afeganistão já lá vão cem milhões de euros reduzidos a cinzas nos últimos dias. Estará a economia norte-americana em condições de desperdiçar dinheiro assim tão facilmente por muito que Trump tenha decidido aumentar significativamente o Orçamento da defesa?
Há vários problemas, que esta política belicista implica a curto e médio prazo: por um lado dificilmente terá efeitos dissuasores em quem quer impressionar, mormente na liderança norte-coreana decerto nada intimidada com as sucessivas provas de fogo inimigo. Se este fim-de-semana Kim Jong-un carregar no botão e disparar um míssil, que vá direcionado para muito perto da zona onde estão os navios da frota norte-americana no Pacífico, que fará a Casa Branca? Ataca Pyongyang? Como reagiriam os chineses a uma tal intromissão na sua área geográfica de influência? E Putin, que já silenciou todos quantos até agora ousaram afronta-lo, acaso perderá a oportunidade de dar mostrar acrescida demonstração da sua incontestável argúcia estratégica?
O comportamento errático da nova Administração arrisca-se a dar razão ao ditado sobre quem tem entradas leoninas para saídas de sendeiro.
É que, se a exemplo de outros predecessores, Trump vê nas agressões externas uma forma de desviar as atenções das dificuldades internas poderá ser bem sucedido? Ao contrário de épocas passadas, os movimentos antibelicistas estão muito ativos em Washington e noutras cidades norte-americanas. O que equivalerá a gigantescas manifestações, que erodirão a Administração na exata dimensão em que outrora Johnson ou Nixon também constataram, quando aceleraram os conflitos na Indochina.
E que dizer dos apoiantes de Trump nos Estados onde ele prometeu o ressurgimento das indústrias e das minas sem que as expetativas alimentadas em quem nele votou se concretizem? Os meses vão passando, as fábricas deslocalizadas não regressam, os empregos continuam mal pagos e o ascensor social parece avariado num dos pisos superiores.
As bravatas de Trump não passam disso mesmo e até ajudarão os democratas a recuperar a maioria do Senado, senão mesmo da própria Câmara dos Representantes. E, se tal acontecer, já no próximo ano, será crível olhar para Trump como um bufão manietado, condenado a irrelevantes exercícios de autovitimização no twitter, mas sem ser tomado a sério por quem quer que seja...
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