terça-feira, 11 de abril de 2017

Se fosse francês votaria agora em ... Mélanchon

Em 23 de abril a França irá a votos para escolher os dois candidatos que, duas semanas depois, competirão pelo Eliseu.
As sondagens apontam para uma forte probabilidade de serem Macron e Le Pen a disputarem essa finalíssima, mas Fillon e Mélanchon ainda são hipóteses credíveis.
Infelizmente o candidato que mereceria o meu voto - Benoit Hamon - já parece excluído. O que é uma má notícia para a ressurreição do Partido Socialista, que Hollande e Valls conduziram à pasokização. O eleitorado socialista rejeita definitivamente as terceiras vias e vendo em Hamon uma réplica de Mélanchon, acaba por escolher o original. Não esqueçamos a sua veterania na defesa coerente do retorno a esquerda francesa a políticas efetivamente … de esquerda.
A subida sustentada deste nas duas últimas semanas - numa dinâmica que lembra inevitavelmente Bernie Sanders nas primárias norte-americanas - significa o dobre de finados pelo falido modelo social-democrata. A exemplo do senador do Vermont, os jovens estão maioritariamente com ele e fizeram dos seus enormes comícios autênticos happenings, com uma energia, que nenhum dos rivais consegue sequer imitar. Por isso mesmo, acaso fosse eleitor, seria nele que depositaria o meu voto. Sem enjeitar em quem, duas semanas, defrontará Le Pen se for ela uma das escolhidas para a segunda volta. Porque, apesar de tudo me distinguir ideologicamente de Macron, nunca poderia votar em quem acaba de negar a responsabilidade francesa no extermínio de milhares de pessoas na sequência da rusga do Vel’ d’Hiv em 1942.
Mas há sempre a secreta esperança de Mélanchon prosseguir esta dinâmica de crescimento nos próximos dez dias e chegue à vitória porque, mesmo ele, conseguiria, segundo as sondagens, vencer a candidata nazifascista.
Com Mélanchon na presidência francesa a Europa iria obrigatoriamente mudar, porventura dando uma urgentíssima guinada à esquerda. A começar pelo próprio Partido Socialista, que teria de comparecer nas legislativas como um dos pilares essenciais para a vitória dos que poderão protagonizar essa mudança.


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