1. Escrever sobre política portuguesa está a tornar-se uma sensaboria. Lembra aqueles jogos de futebol em que são sempre os mesmos a ganhar e cada vez por maiores cabazadas. Ver por um lado António Costa cheio de confiança a assumir o negócio do Novo Banco e, em contraponto, Assunção Cristas a acusá-lo de ter feito tudo mal ou Passos Coelho a pedir mais explicações sobre o assunto, só pode suscitar constrangimento pela figura patética (ou pateta!) dos líderes da oposição. Como se não soubéssemos a pêpista capaz de assinar de cruz um negócio bancário sem o conhecer e recebendo dele notícia por email, ou o pêpêdista a empurrar tudo quanto lhe cheirasse a banca para debaixo do tapete da instituição confiada a Carlos Costa. Como podem ainda acreditar na suposta credibilidade de que se julgam portadores, eles que integraram um desgoverno capaz de tratar estes problemas com os pés?
Perante tal cenário nem vale a pena gastar mais latim com tão ruins defuntos. Politicamente estão moribundos e com a extrema-unção já garantida.
2. Nunca nos deveremos poupar nas homenagens a Mariano Gago, o excelente ministro da Ciência com que os portugueses puderam contar em sucessivos governos socialistas.
Se o país vier a mudar a prazo o seu paradigma, substituindo as exportações de produtos sem grande valor acrescentado, baseados em baixos custos de mão-de-obra pouco qualificada, para outros sustentados na aplicação às indústrias de contributos dos laboratórios e institutos de investigação nacionais, supera-se finalmente a condição de continuarmos a ser um país pobre e atrasado.
Os investimentos suportados nas políticas visionárias do antigo ministro socialista explicam que Portugal seja reconhecido como um dos quatro países com maior evolução na produção de ciência entre 2005 e 2015. Enquanto em 1995 os nossos cientistas assinavam 2404 papers anuais, em 2005 já tinham triplicado para 7400, chegando a 2015 com 21 mil. Felizmente que a súbita travagem verificada nas políticas de Investigação e Desenvolvimento entre 2011 e 2015 - bem visível no estudo agora conhecido como Carlos Fiolhais não deixou de enfatizar! - não conseguiram prejudicar seriamente uma dinâmica de aceleração, que vinha de trás.
Se o nosso indicador de publicações por milhão de habitantes ainda não consegue aproximar-se do dos países nórdicos, Portugal já está acima da Alemanha e é, dos países do sul da Europa, o que ocupa a vanguarda.
Pode-se concluir que a haver homenagens a quem muito fez pelo futuro do país, Mariano Gago mereceria bem mais do que um qualquer habilidoso a dar toques numa bola de futebol…
3. Para os que andam a levar sucessivas cabazadas políticas a nível nacional, os últimos dados do Eurobarómetro são devastadores: depois de atingirem picos negativos no outono de 2015, em vésperas das mais recentes legislativas, a confiança dos portugueses no Governo e na Assembleia da República está a conhecer subidas significativas e com as respetivas curvas em tendência ascendente.
O Diabo parece mesmo ter-se esquecido destas paragens...
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