1. Dados do Eurostat sobre as disparidades salariais por género na União Europeia são muito elucidativos sobre os efeitos das políticas implementadas pelas direitas durante a sua desgovernação de má memória. Em 2006 o país estava na linha da frente dos que se aproximavam da equiparação salarial no conjunto dos 28 membros, com os homens a auferirem em média 8,5% a mais do que as mulheres. Os anos dos governos de António Guterres e José Sócrates estavam a enfileirar o país no conjunto dos mais progressistas nesta matéria.
No entanto em 2015 a situação tinha-se agravado drasticamente: Portugal era o sétimo país mais desigual da União Europeia com os homens a auferirem mais 17,8% do que as mulheres para as mesmas funções.
Para contrariar essa involução, o atual governo está decidido a uma medida exemplar: as empresas que não demonstrem o respeito pelo princípio de igualdade de remunerações em função do género ficarão impedidas de concorrer a contratos de instituições públicas. Pretende-se, dessa forma, que Portugal se aproxime tanto quanto possível - e porventura os ultrapasse - dos países com menores desigualdades - Itália e Luxemburgo - onde tal desequilíbrio é apenas de 5,5%.
2. Porque anda amofinado com o facto de uma das mais importantes associações empresariais do país, a do calçado, tenha tido a dirigi-la um líder sempre conotado com a esquerda - Fortunato Frederico, dono da Fly London - o presidente da câmara de Felgueiras, do PSD, decidiu intrometer-se na eleição do sucessor, apostando numa lista alternativa, liderada por um industrial de aparentes simpatias cavaquistas (foi a sua fábrica que o anterior presidente escolheu para visitar, quando se tratou de mostrar «interesse» pelo setor).
Que importa ter havido, nos últimos anos, um notável trabalho de ressurreição de toda essa fileira industrial dada antecipadamente como condenada e hoje relevante na percentagem da quota de exportação, que representa?
Já vimos que as direitas pouco escrúpulo revelam pelos resultados, tão-só se confortem com a sensação de conseguirem algum tipo de poder.
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