Segundo os números do Ministério da Educação a abertura de cada nova turma no setor público importará num custo de 54 mil euros por ano, enquanto o seu financiamento no privado importaria em 80,5 mil de euros. Se, como questionou Mariana Mortágua, isto não é cortar as célebres “gorduras” do Estado o que será afinal?
Explica-se, pois, a posição da troika, que considerava o fim dessa subsidiação dos colégios privados uma das correções a ser concretizada pelo governo de Passos Coelho. Algo que era inaceitável para o fanatismo ideológico de Nuno Crato cuja ideia de educação assentava na transformação do ensino público num suplemento do praticado em escolas privadas e não o contrário.
O antigo maoísta almejaria, assim, a criação de uma nova geração de jovens imbuídos dos preconceitos fomentados pela influência jesuítica dos colégios ligados à Igreja e da arrogância elitista dos que nunca deixariam de alimentar a ideia de superioridade em relação às degradadas escolas públicas onde o investimento seria reduzido ao mínimo. Pensaria, assim, facilitar a perenização da direita no controlo do poder.
O problema para a atual oposição é que, dia-a-dia perde as ilusões quanto a estar próxima essa oportunidade de retoma da sua agenda ultraconservadora. Por isso, completamente desorientada, vai dando tiros nos pés. Porque só assim se explica essa promoção de Mário Nogueira em suposto guru espiritual de Tiago Brandão Rodrigues. Não só por ser rigorosamente falso, mas sobretudo por ajudar à maior solidificação do apoio do PCP a este governo.
Não deixa de ser curioso que, ao verem-se-lhe colado Passos Coelho à sua injusta causa, os colégios privados acabam por arranjar o pior dos advogados: é que a possibilidade de negociação agora ainda possível para minimizar os efeitos da aplicação da lei vê-se condicionada por uma radicalização, que só prejudicará os interessados. E estes mais não são do que os que lucram à custa da educação de jovens portugueses e se julgam com direitos de, por isso, serem financiados pelo orçamento do Estado.
Recordados da presteza com que andou cortar rendimentos à maioria dos portugueses estes só poderão considerar grotesco este afã de Passos Coelho em insistir na ilegítima transferência dos recursos financeiros do Estado para estes seus amigos de eleição...
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