Os indicadores do INE continuam a alimentar o discurso de Passos Coelho para menorizar a estratégia do governo socialista. Enquanto não saírem os indicadores do segundo trimestre vai ser um fartar vilanagem com os habituais altifalantes - José Gomes Ferreira & Cª - a tudo fazerem para convencer os mais incautos do “desastre”, que se anuncia.
A calma de António Costa e de Mário Centeno reflete o que bem sabem: quando começa o bom tempo, o primeiro milho é para os pardais. A verdadeira colheita virá depois. É que não se podem atribuir apenas à quebra das exportações para Angola aqueles indicadores: a refinaria de Sines esteve em paragem técnica para manutenção e a Autoeuropa também paralisou a produção durante alguns dias desse período, afetando necessariamente o volume total dos produtos e serviços transacionados. Com tais fatores a surgirem corrigidos neste período, os resultados só tenderão a desmentir as fanfarras apressadamente contratadas pela direita para fazer uma festa manifestamente antecipada.
Ao «Público», Augusto Santos Silva volta a fazer o desenho para que a direita tente perceber onde está o erro da sua estratégia: “o que está a surpreender é que este Governo pôs outra vez a política no centro, a política europeia faz-se com política, não é apenas aceitar ou raciocinar como se houvesse medidas pronto-a-vestir. Há que falar, defender os nossos interesses e chegar a compromissos”.
Porque Passos Coelho considerou que o seu projeto de país - com o Estado reduzido ao mínimo e o mercado do trabalho totalmente desregulamentado - avançaria a passo de gigante com o pacote de medidas oriundas da troika, nunca apostou em aprofundar devidamente o seu programa de forma a torna-lo minimamente consistente. Ele sabe onde gostaria de levar o país, mas desconhece outra estrada que não a por ele seguida para lá chegar. Porque aí iria compreender que essa meta fica no meio de um árido deserto, onde teriam ficado pelo caminho quase todos os desvalidos, que tivessem o azar de ser obrigados a por ele se deixarem conduzir.
Se ali conseguisse chegar Passos Coelho compreenderia demasiado tarde, que esse oásis seria uma diáfana miragem.
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