1. A consumação do golpe de Estado no Brasil anuncia tempos difíceis para os brasileiros mais pobres apesar de se adivinhar a chegada ao poder de um presidente interino e de um governo, com discursos típicos dos lobos com pele de cordeiro. Nas próximas semanas, e para tentar serenar o temporal anunciado pelos movimentos sindicais e sociais, Temer e a sua equipa não deixarão de prometer este e o outro mundo. Por agora querem esquecer as leis da Física, que fazem corresponder a cada ação uma reação de força equivalente. Esperem pela volta e vejam o trambolhão que os espera!
De qualquer forma Dilma Rousseff não terá nenhum futuro político: mesmo entre os que a apoiam reconhece-se ter sido ela a vítima do isolamento que criou à sua volta, mesmo dentro do Partido dos Trabalhadores. Daqui a seis meses, ao constatar-se a incapacidade de Temer em lidar com a caixa de Pandora, que ajudou a abrir, será muito mais provável que os brasileiros exijam nova consulta nas urnas do que a continuidade daquele ou o regresso de Dilma.
O Partido dos Trabalhadores tem, pois, três desafios imediatos: alimentar nas ruas e nas empresas a contestação aos golpistas, depurar-se de todas as conivências, que lhe deram a má fama de corruptos ou deles cúmplices, e preparar as eleições, porventura renovando-se com novos rostos e propostas exequíveis para a nova realidade social e económica, que a queda dos preços do petróleo suscitou.
Para já não lhe ficaria mal fazer o balanço dos erros e virtudes destes anos em que deu alento a milhões de brasileiros saídos da pobreza, mas nunca deixou de pactuar com os que têm feito do Brasil um dos países mais desiguais do Hemisfério Sul.
2. A entrevista da vice-presidente do PSD e antiga ministra de Passos Coelho, Teresa Morais, ao «Público» é reveladora do estado de alma, que varre a direita neste momento: ela diz acreditar numa vitória nas autárquicas, mas, - e este mas dá todo o significado ao que diz! -, em caso de derrota, defende a continuidade do atual patrão.
A realidade é esta: tomado de assalto por um conjunto de extremistas, o PSD dificilmente conseguirá reformatar-se na sua matriz inicial de partido com pretensões de aproximação ao eleitorado sociológico mais ao centro. O apego de Passos Coelho ao cargo de presidente do partido é tão assumido, e conta com o apoio de gente tão indefetível, que, mesmo perante as piores calamidades eleitorais, tudo farão para impedir qualquer José Eduardo Martins de lhes arrancar o brinquedo das mãos…
3. Rodrigo Duterte é um nome a ter em atenção pelos piores motivos: acaba de ser eleito presidente das Filipinas, comprovando uma vez mais a consistência da tese segundo a qual a Democracia não se rege só pela vontade dos povos, traduzida em votos em eleições aparentemente livres.
Os exemplos são muitos, mas Hitler é só o mais tenebroso: a História está cheia de criminosos a quem os povos confiaram destinos, enlevados pelos seus discursos demagógicos.
No caso deste biltre somaram-se promessas de formação de esquadrões da morte para execuções sumárias a “criminosos” e a intenção frustrada de violação a uma bonita freira assassinada durante um motim numa prisão local. Trump ao pé dele faz figura de menino...
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