quinta-feira, 19 de maio de 2016

E não é que as vacas podem mesmo voar?

Foi um momento hilariante aquele com que António Costa terminou hoje o seu discurso na sessão de apresentação do Simplex +.
Valerá a pena ver essa intervenção, mas para os que a perderam, aqui fica uma tentativa de descrição: há dez anos, quando sobraçava a pasta da Administração Interna, o atual primeiro-ministro lançou o primeiro Simplex com o apoio determinado dos seus secretários de Estado, entre os quais já se incluía a atual ministra Maria Manuel Leitão Marques.
Um dia, quando vinham na mesma viatura para o ministério, outro desses secretários de Estado, José Magalhães confidenciou a António Costa que, na modernização administrativa tudo era possível, porque já se convencera de só existir algo que não o era: que as vacas alguma vez voassem.
Ora, algum tempo depois, ele encontrou no aeroporto de Londres uma vaca, que efetivamente voava, logo a adquirindo. Agora, para que não sobrem dúvidas de tudo ser possível, ele ofereceu tal gadget à ministra.
A sessão foi muito interessante de seguir por mostrar a determinação do governo em retomar uma das principais reformas socialistas, que os quatro anos de Passos Coelho travaram. Conseguir que haja consumo zero de papel na Administração Pública em 2017 e inexistência de viaturas de serviço na cidade em 2018 são só dois dos objetivos mais ambiciosos de um programa de medidas de modernização, que começarão agora a ser implementadas.
Mas tudo isso fez-me voltar a uma reunião política em que participei ontem à noite e onde se discutiam estratégias para abalar um status quo inaceitável numa organização e num determinado contexto geográfico. O quanto ali ouvi fez-me pensar que António Costa vai muito na vanguarda de um Tempo Novo, ainda muito titubeante por subsistirem estratégias e modelos de pensamento cristalizados, que importa superar.
As circunstâncias atuais tornam obsoletas os comportamentos e análises, que outrora poderiam fazer algum sentido. Importa abstrairmo-nos das formatações gastas e arriscar modelos de ação completamente diferentes dos até agora ensaiados.
Contra os que travam esse Tempo Novo não basta fazer oposição, mesmo quando episodicamente são eles quem parecem comandarem o jogo. Cabe acelerar e deixá-los para trás, incapazes de acompanharem o nosso ritmo de imposição das mudanças. Não pensar em agir contra, deixando esse papel aos que não têm vontade nem capacidade para vislumbrarem mais além.
E em vez de desgastar esforços em combates à partida derrotados, importa definir um objetivo claro, dar-lhes os rostos que o saibam liderar, e empreender desde já o que for necessário para lá chegar. Mesmo que isso demore seis meses ou um ano e implique muito esforço, vontade e determinação.
É isso mesmo que António Costa nos mostra quando nos demonstra que as vacas podem efetivamente voar...

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