segunda-feira, 9 de maio de 2016

Marcelo e a educação

Tenho escrito repetidamente que Marcelo Rebelo de Sousa não foi o Presidente por quem votei e nada do que faça me levará a rever a intenção de alguma vez nele vir a apostar. Continuo a acreditar que Sampaio da Nóvoa tinha a personalidade ideal para exercer o cargo com outra dignidade e visão de futuro, não vislumbráveis no afilhado do ultimo ditador do Estado Novo. E sei que esta opinião ainda não é consensual nem sequer nas esquerdas plurais donde saíram muitos dos votos conducentes à lamentável vitória do candidato da direita.
Mas, a pouco e pouco, aqui e além, Marcelo vai deixando cair a máscara e revelando a sua verdadeira face, aquela que justificará a necessidade das esquerdas consolidarem as suas convergências e prepararem-se atempadamente para a guerra que, inevitavelmente, ele lhes fará. De mansinho ele lá vai dizendo aos jornalistas que está atento às ações do governo embora (ainda) não pense convocar eleições antecipadas.
Qual foi o indício por ele hoje revelado? A propósito da guerra, que os colégios privados estão a fazer ao governo - e em que este não poderá mostrar a mínima complacência face ao escandaloso negócio em que assentam! -, Marcelo preferiu ficar-se nas meias-tintas, mas là foi dizendo da necessidade de não se abrirem guerras, por “serem comuns os interesses” de tais instituições com as do ensino público.
Comuns os interesses de uns e de outros?
Homessa! Então os privados não têm por objetivo o lucro à conta do orçamento do Estado, enquanto as escolas públicas, essas sim, cumprem o direito constitucional à educação?
É claro que Marcelo é inteligente e sabe que anda a misturar alhos com bugalhos, mas a intenção é mesmo essa: lançar uma cortina de fumo de forma a confundir os mais distraídos ao que é tão claro para a grande maioria dos cidadãos. É que ninguém interfere com o direito  das famílias em porem os filhos em escolas privadas. Desde que, obviamente, as paguem!

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