Às seis da tarde decidi satisfazer a curiosidade ligando a televisão para o Jornal da Tarde da SIC Notícias, porque adivinhava a publicação iminente do novo estudo da Eurosondagem. Só pretendia confirmar que, mesmo com os limites de credibilidade inerentes a esses indicadores, o PS subiria e o PSD prosseguiria na sua rota descendente.
Durante sucessivos minutos a sondagem veio a lume, mas para dizer o quê? Que os portugueses não confiam nas contas do governo e estão preparados para a possibilidade de um plano B de austeridade! Como se, depois de um governo que sempre falhou nas suas contas e sempre teve de apresentar retificativos para corrigir as falácias, que ia inventando, fosse normal que os portugueses deixassem de sentir a natural desconfiança associada a tal experiência e se decidissem render qual Julieta por Romeu ao atual Executivo?
Um dos grandes desafios que António Costa terá de vencer será precisamente esse: o de devolver aos portugueses a confiança em contarem com um governo, que cumpre a sua palavra e os põe como prioridade das suas políticas!
Mas, voltando ao referido noticiário, o apresentador retomou a sondagem para enaltecer os índices de aprovação de Marcelo Rebelo de Sousa. Mas da opinião sobre a forma como votariam atualmente nos partidos népia! Passou a publicidade e o Jornal de Economia e mudei de canal, dizendo para a minha cara metade:
- Os resultados para o governo são tão bons, que eles tudo farão para os não revelar!
Voltei lá uma hora depois para descobrir que, quase como gato depois de mergulhado em água, o noticiarista lá revelava apressadamente o que suspeitava: uma subida significativa do PS, a descida não menos relevante dos partidos do ex-PàF, já a quinze pontos percentuais dos apoiantes da Geringonça e António Costa em claro crescimento de popularidade.
Adivinha-se o engulho dos responsáveis pela (des)informação da SIC em dar tais resultados, que tenderão a ser-lhes ainda mais incómodos, quando António Costa cumprir o Orçamento de 2016 sem recurso a qualquer Plano B, e os portugueses, ainda nesta altura desconfiados quanto a tal possibilidade, ainda mais distanciarem a percentagem dos partidos da esquerda dos da direita. É que até o CDS, mesmo mudando de moscas para manter tudo na mesma, anda a pagar os custos das suas opções tombando cada vez mais para o fundo da tabela.
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