quarta-feira, 11 de maio de 2016

O nervoso que causou a requalificação do Parque Escolar

Elucidativa a entrevista que o «Expresso» desta tarde publicou e em que António Rochette, professor da Universidade de Coimbra, denunciou o linchamento a que foi sujeito nas redes sociais depois de, em 2011, ter elaborado um relatório para a ministra Isabel Alçada, segundo o qual se demonstrava a exequibilidade de cortar os contratos de associação com 80% dos colégios então subsidiados pelo Estado.
Ele afirma que “em 2011 não fazia sentido (a sua manutenção) porque já havia grande sobreposição.”  De então para cá a situação “agravou-se porque a quebra demográfica acentuou-se. Perdemos dezenas de milhares de alunos nos últimos anos e prevê-se mais uma diminuição significativa nos próximos cinco anos, na ordem dos 80 mil alunos. Se não há alunos e existe escola pública em praticamente todo o lado é evidente que não há necessidade (de colégios com contratos de associação).”
Perante tudo quanto tem vindo a acontecer nestes últimos dias há uma evidência, que começa a tornar-se particularmente límpida: a guerra que foi feita politicamente e mediaticamente contra a requalificação do Parque Escolar - uma das principais bandeiras do governo de José Sócrates no final da década passada - teve decerto a mão invisível dos que agora dão a cara para que persista o escandaloso financiamento das escolas privadas pelo Estado. Agora, esses mesmos que defenderam ativamente as políticas da troika já invocam os “direitos adquiridos”, que quiseram espoliar aos reformados e aos funcionários públicos. Rezam pela Constituição, quando tanto defenderam a sua contínua violação. E querem fazer o Estado pagar-lhes rendas, quando antes, e relativamente à Saúde ou às autoestradas tanto falavam do utilizador-pagador.
É por isto mesmo que, por muito barulho que façam, têm de ser impiedosamente derrotados nesta batalha. Porque se o governo cede nesta matéria dá sinal de uma fraqueza, que será aproveitada por outros interesses privados, todos eles indignados quando o Estado paga os direitos alheios, mas deles os reivindica ruidosamente quando gritam em causa própria.

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