sábado, 9 de abril de 2016

And the winner of the Panama Papers is … the PSD

A edição deste sábado do «Expresso» trouxe mais algumas novidades sobre o conteúdo dos «Panama Papers», nomeadamente quanto ao envolvimento de alguns nomes relevantes do PSD nalgumas sociedades offshore criadas e geridas pela Mossack Fonseca. À partida, ficamos apenas com uma certeza: o único que decerto não aparecerá nesta investigação será Balsemão por muito que a realidade pudesse ser diferente. É que isto de ser dono de jornais dá um jeitão para filtrar só a informação que lhe possa interessar...
Primeiro que tudo há que nunca esquecer o facto de ser disponibilizada apenas uma pequeníssima parte de todo o universo relacionado com o dinheiro branqueado ou escapulido para os paraísos fiscais, já que a empresa de advogados panamiana nem sequer é uma das três principais ali existentes para que se criem todo o tipo de esquemas ilícitos relacionados com a ocultação do património.
Depois importa ter sempre presente que, existindo trânsfugas fiscais capazes de se eximirem às responsabilidades para com a Autoridade Tributária nacional, somos nós - aqueles que pagamos até ao derradeiro cêntimo o que a lei nos obriga a entregar ao Estado, a sermos causticados com taxas de impostos mais elevadas.
Em terceiro lugar também tem sido pouco enfatizado outro facto importante: os utilizadores dos paraísos fiscais são, igualmente, os titereiros das marionetas, que chegam aos lugares da governação para nos quererem convencer da impossibilidade de manter sustentável o Estado Social. Este só poderá falir se continuar a não poder contar com os milhões diariamente exportados para esses abrigos de conveniência.
Sublinhados os três aspetos mais relevantes de tudo quanto tem sido revelado, vamos aos nomes hoje divulgados.
Luís Portela, o presidente da Bial, poderá sempre invocar a delegação da empresa existente naquele país centro-americano e a necessidade de movimentar fluxos monetários a ela necessário.
Manuel Vilarinho representa o lado turvo dos dinheiros do futebol com as comissões aos agentes e os vencimentos pagos aos atletas e dirigentes desportivos a escaparem da tributação, que se justificariam.
Ilídio Pinho já levanta outra questão, que é o envolvimento de Passos Coelho nessa fuga de capitais, se não como ator direto, pelo menos indireto de toda este tipo de práticas. É que os documentos, que incriminam o maior acionista da Fomentinvest reportam a anos em que o ex-primeiro-ministro era aí administrador. E até pela presença constante do empresário a acolitar o antigo pupilo em muitas ocasiões oficiais nos quatro anos da sua desgovernação, permitem pensar que ele mais não estaria a fazer do que a cumprir as políticas de interesse do seu (ex-) patrão.
A Abreu Advogados, uma das treze empresas do ramo igualmente referenciadas como interlocutora da Mossack Fonseca, é aquela onde a prometida estrela da direita, José Eduardo Martins, é sócio e Marques Mendes consultor.
Ademais, o mesmo Marques Mendes volta a surgir através da Sartorial Asset Management, a empresa de gestão de fortuna de Isabel dos Santos e em que o conselheiro de Estado, nomeado por Marcelo Rebelo de Sousa, é presidente da Assembleia-Geral.
Há finalmente o Grupo Espírito Santo, que mais não era do que uma sociedade gestora de centenas de offshores tendo por fachada um dos principais bancos do regime. Desmentindo o que Ricardo Salgado tem vindo a testemunhar nas Comissões de Inquérito do Parlamento,  existia um gigantesco saco azul por onde transitavam milhões de euros de gente ainda por identificar.
Como comenta Daniel Oliveira na sua crónica semanal “esta semana o mundo viu o rosto do capitalismo à solta, liberto dos limites das leis dos Estados. Viu o seu próprio rosto. Tão envelhecido como o mais banal dos crimes.”


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