terça-feira, 19 de abril de 2016

Branco, mais branco, não haverá?

Ontem chegou ao seu termo um ciclo de treze anos de sucessivos governos do Partido dos Trabalhadores, que garantiram a melhoria das condições de vida de milhões de brasileiros pobres.
Doravante, e como escrevia Manuel Carvalho no «Público», “o Brasil está entregue a uma horda de predadores a quem não se pode confiar uma chave de casa, quanto mais o destino de uma Presidente eleita.
Por muito que queiram reivindicar uma fundamentação legal e processual para terem derrotado no parlamento o que o PT ganhou democraticamente nas urnas, os promotores do impeachment fizeram  um despudorado golpe de Estado na Câmara dos Deputados de Brasília. Comandou-os Eduardo Cunha, que é um dos grandes campeões das suspeitas de corrupção, acolitado por uma alcateia de vozes ululantes, 60% das quais igualmente arguidas em casos de justiça.
Explicação para o que se está a passar depressa a entenderemos, e dificilmente se resumirá a um ódio ideológico: começam a ouvir-se histórias sobre Michel Terner encetar a substituição de Dilma com uma proposta de reconciliação nacional, que passará por colocar uma pedra sobre todas as histórias de corrupção política e partidária.
Estar-se-á, pois, perante uma manobra de branqueamento de todos os casos de corrupção de forma a possibilitar a continuidade do statu quo.
Como reagirá o povão se essa hipótese se concretizar? Continuará a viver impavidamente a sua vida nas favelas sem descer ruidosamente à cidade? Quero acreditar que Lula conseguirá mobilizar milhões de brasileiros para uma contestação que não dê descanso aos que celebraram por agora a vitória.
Uma coisa deverá o PT corrigir, e que o próprio Partido Socialista não compreendeu entre 2005 e 2011: ao chegar ao poder a esquerda não pode esquecer que o patronato das grandes confederações e os banqueiros não são parceiros fiáveis para com eles contar no esforço de implementar medidas sociais. Se eles aparentam complacência, e até manifestam espírito de colaboração, é só para ganharem disponibilidade e darem o golpe mortífero na primeira oportunidade.
Foi por querer negociar com eles e com quem os representava politicamente, que o PT caiu nas armadilhas suficientes para ser qualificado de corrupto. Que aprenda devidamente a lição e regresse rapidamente ao poder para prosseguir o esforço de diluição das desigualdades, que estava a conseguir. Sem voltar a ter de comprar votos e de oferecer lugares a quem consigo em nada se identifica.

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