O debate desta tarde na Assembleia da República voltou a mostrar uma direita à deriva sem encontrar assuntos, que não resultem em ricochetes certeiros aos tiros, que pretendia disparar.
Montenegro falou, comeu e calou e Assunção Cristas só conseguiu melhor por ter apanhado António Costa desprevenido quanto à sua habilidade para gerir tempos e deixá-lo sem margem para lhe responder devidamente logo após fazer mais uma das suas habituais prédicas em favor da revisão na Segurança Social, que passaria sempre por cortes nas pensões. Mas, mais adiante, nas respostas a Heloísa Apolónia e a Carlos César, ele deu-lhe o devido troco, denunciando-lhe a estratégia propagandística, semelhante à história do Pedro e do Lobo, sem que este último sequer pareça andar por perto.
Neste momento, o governo socialista tem um rumo bem definido quanto aos objetivos a atingir dentro dos constrangimentos internos e externos, que circunstancialmente o limitam, ao contrário dessa direita à deriva, sobre cujos programas nada de substantivo se sabe excetuando a teimosia em privatizar tudo quanto ainda é público - nomeadamente a educação, o ensino e a segurança social -, e manter-se provedora dos interesses de quem foge aos impostos transferindo milhões de euros para paraísos fiscais exigindo isenções que mais não significam ter a classe média a pagar-lhe o que só lhes cabe pagar.
O que irrita a direita parlamentar é a constatação da estabilidade da «geringonça», que não figurava nos seus piores pesadelos de há cinco meses atrás. As convergências e as divergências nesta esquerda plural estão bem definidas e prometem fazê-la perdurar nos quatro anos da legislatura. Já as caranguejolas, sobretudo a alaranjada, dá sinais de ter o motor quase a gripar sem que pareça haver lubrificante milagroso, que a salve. Politicamente Passos Coelho e os seus indeferíveis apoiantes são cadáveres adiados com funeral marcado para logo a seguir às autárquicas de 2017. Altura em que o PSD lembrará os «espadalhões» saídos de fábrica, muito resplandecentes e a prometerem infinita felicidade a quem nele quiser embarcar mas, como sempre, com os defeitos congénitos da sua marca. Mas será então, que António Costa terá de se exceder nos dotes de tribuno do projeto de país, que defende.
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