Se há algo que sempre me incomodou nos quase quarenta anos de vida profissional foi o encontro com gente responsável que, em momentos de dificuldades, tratava de sacudir a água do capote e atirar as culpas próprias para cima dos outros, de preferência subordinados com escassa capacidade em se defenderem.
Mas aquilo que era uma raridade, porque existia um sentido ético na maioria dos comandantes e dos engenheiros chefes de máquinas, que conheci enquanto andei na marinha mercante, e nos administradores ou diretores das empresas onde depois trabalhei, foi-se tornando cada vez mais frequente nos anos mais recentes. Uma certa “escola” baseada na competitividade entre iguais para alcançar patamares superiores de regalias e rendimentos foi denunciando comportamentos crapulosos que se mediam pelos rumores ou pelas sugestões pouco inocentes sobre quem lhes pudesse fazer sombra.
Essa tendência foi-se agravando com tanto maior insistência quanto os modelos de liderança nos cargos de topo - Cavaco em Belém, Passos Coelho em São Bento - personificavam o que os portugueses pior revelam em mesquinhez, em insensibilidade social, em preconceitos pequeno-burgueses, em ganância sem escrúpulos.
Vem isto a propósito das audições a Carlos Costa e a Maria Luís Albuquerque sobre o caso Banif. Em ambos a mesma invocação de inocência, com o despejar de culpas para outrem que não eles.
Gente incapaz de reconhecer as suas responsabilidades é desprezível! E é das que nunca poderão caber em cargos públicos num país que se quer direcionado para um Tempo Novo!
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