Estando a aproximar-se a data do próximo Congresso do Partido Socialista há alguns objetivos, que nele devem ser colocados na ordem do dia.
O primeiro é o de consolidar a base social de apoio que já lhe devolveram a primazia entre todas as outras forças políticas nas mais recentes legislativas. Muito embora haja ainda quem teime em dizer que a direita ganhou essa pugna, isso é objetivamente falso. Se assim tivesse sucedido ela teria tido condições para formar uma maioria governativa, o que não foi o caso. Mas, sobretudo, dissociando os votos do PSD e do CDS, não sobram dúvidas que foi o PS o partido vencedor.
Em segundo lugar há que cativar duradouramente os eleitores que não tendo votado no PS têm reconhecido a capacidade do governo liderado por António Costa para responder assertivamente aos desafios colocados pelo estado de emergência social herdado do governo anterior e a adaptar-se eficazmente aos constrangimentos das circunstâncias. As sondagens indiciam um apoio crescente dos portugueses ao rumo definido pela governação.
Em terceiro lugar há que criar medidas de apoio aos mais jovens, quer facilitando economicamente o seu acesso ao ensino superior, quer criando melhores condições para a sua empregabilidade com o porfiado combate aos artificios utilizados pelos patrões para impor uma precarização generalizada.
Tendo em conta que, um pouco por todo Ocidente (em França, em Espanha, em Inglaterra ou nos EUA) está a verificar-se um regresso dos jovens à politica, será conveniente que o PS se prepare para tal movimento em Portugal, conseguindo atrai-los para as suas hostes.
Em quarto lugar a luta contra o abstencionismo passa, igualmente, por devolver confiança aos muitos desempregados, que já perderam qualquer apoio social e esperança em ver satisfeito o seu direito constitucional ao trabalho. O programa de requalificação de adultos e politicas ativas na sua reorientação para ocupações remuneradas socialmente imperiosas e adequadas às suas competências e capacidades, poderão criar condições para que os desiludidos e os indiferentes voltem a interessar-se pelos seus deveres de cidadãos.
Mas todos estes objetivos têm de convergir para um outro, que é fundamental: em vez de manter a tendência dos últimos anos de se aristocratizar nas cúpulas e utilizar os militantes e simpatizantes como meras peças instrumentais para a prossecução das metodologias de trabalho e estratégias, que já se revelaram falíveis, o Partido Socialista tem de reativar a vida das secções e concelhias, reabrindo sedes onde elas deixaram de existir e tornando-as em autênticos atriuns das respetivas polis. O que significa abri-las aos militantes, mas também saber cativar para elas os simpatizantes e os que possam vir a sê-lo.
Por muito que a atividade do atual governo nos dê a confiança de se estar a viver uma legislatura de quatro anos e em que muitos dos recuos verificados nos últimos anos serão infletidos e superados, o PS só escapará à decadência de alguns dos seus partidos irmãos europeus com uma renovação efetiva dos seus quadros.
Ao contrário do que pensam alguns dos que foram eleitos para representar o eleitorado socialista em órgãos de poder nacional ou local, os cargos políticos não são, nem nunca poderão ser entendidos como um emprego para a vida. Nem o pretexto para conhecer gente influente, que permita dar um salto profissional não coincidente com os méritos nem com as competências evidenciadas, como é exemplo lapidar o caso de Maria Luís Albuquerque.
No Tempo Novo, que se perspetiva no médio e longo prazo a política politiqueira não deverá ter espaço para continuar a prevalecer sobre os valores republicanos, que corporizam o verdadeiro significado da Cidadania.
Com tudo isto quero dizer que o próximo Congresso do PS não poderá ser apenas uma formalidade a cumprir para dar satisfação aos Estatutos. Até porque, da forma como a anterior direção do PS os transfigurou, eles precisam de uma nova revisão para acabar com as doenças infantis neles inoculadas pelo defunto segurismo.
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