1. Vou aqui colocar uma tese mirabolante, tanto quanto sei ainda não sugerida por nenhum dos comentadores televisivos, mas, paradoxalmente, é a que conjuga a vontade maioritária dos mais amplos setores da população nacional - incluindo os empresários e os banqueiros em repudiar o prolongamento do executivo de passos coelho durante vários meses -, e a intenção de cavaco silva em não dar posse a um governo liderado por António Costa.
A tese faz, igualmente, sentido perante a expressão crispada do ainda presidente quando, em Roma, quis declarar aos jornalistas o seu não arrependimento por nada do que terá dito no discurso em que anunciou a indigitação de passos coelho para formar governo.
Para cavaco a alternativa apoiada pela maioria de esquerda conduzirá, inevitavelmente, ao fracasso e ele terá a grande oportunidade de se ver redimido pela História - que o tende a consagrar como o pior dos Presidentes da II República -, e consagrar-se como aquele que, não se terá somente limitado a avisar, mas sobretudo a sacrificar-se pela defesa do que acredita.
Contará para tal com o Artigo 131º da Constituição, que prevê a possibilidade do titular da função presidencial renunciar ao mandato dirigindo uma mensagem à Assembleia da República a anunciá-lo. A partir desse momento passará a ser Ferro Rodrigues a assumir interinamente o cargo até o seu sucessor vir a ser eleito.
No Artigo 132º fica, igualmente, explicito que cavaco manterá “os direitos e regalias inerentes à sua função” enquanto Ferro Rodrigues gozará de “todas as honras e prerrogativas da função, mas os direitos que lhe assistem são os do cargo para que foi eleito.”
Tendo em conta que cavaco manterá todas as regalias, que o cargo pressupõe, sem o ónus de se confrontar com a legislação em breve aprovada pela Assembleia em total desacordo com os seus preconceitos, não será surpreendente a opção por esta alternativa...
2. Se há um par de dias andávamos a discutir se devíamos comer carne vermelha ou enchidos por causa dos seus efeitos cancerígenos anunciados pela OMS, tivemos agora uma outra organização internacional a causticar-nos a consciência com a pegada ecológica relacionada com a nossa alimentação rica em consumo de peixe.
Isso faz-me lembrar o meu pai, homem frequentemente bem humorado, que foi à médica de família sem a esposa, e a quem lhe transmitiu o veredito da consulta: que não podia comer carne, nem peixe nem legumes!
- Então o que podes comer? - perguntou a minha mãe levando a sério a sua pilhéria.
Eu diria o mesmo: perante o exagero de tanto “publicitário”, mais valerá comer e beber com prazer, sem levarmos a sério os alarmistas, que nos querem privar das boas coisas da vida!
3. Quem perdeu o que o nosso país tem de bom - a começar pela boa comida e o ainda melhor clima! - foram os emigrantes que tornaram o país no 12.º do mundo com mais emigração. Isto num relatório subscrito pelo próprio governo, que reconhece um fluxo anual médio de 110 mil saídas em 2013 e 2014.
Se isto não é a confissão do seu fracasso, que mais será necessário para que ele fique exposto?
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