Durante anos a direita andou a criticar o governo de José Sócrates a propósito da construção do novo aeroporto.
Projeto “faraónico” era o que alguns lhe chamavam. Paradigma da obsessão do antigo primeiro-ministro pelas grandes infraestruturas, diziam outros.
Bastaram quatro anos para a realidade confrontar os críticos do projeto com a sua congénita mesquinhez. O crescimento do movimento turístico para a grande Lisboa - muito por obra de António Costa, que a tornou numa das cidades mais trendy do momento! - fez com que, só em 2013, o tráfego aéreo para a Portela aumentasse 24,3%! Confirmou-se assim o retrato de um aeroporto a rebentar pelas costuras, como era afiançado pelos que defendiam uma urgente solução alternativa.
Agora, em desespero de causa, o governo prepara-se para transformar a base aérea do Montijo num terminal complementar destinado às companhias low cost.
Uma vez mais, em vez de olhar para o futuro e retomar o projeto, que tinha deitado para o lixo, a direita volta a apostar num remendo, mesmo sabendo como eles ficam invariavelmente mais caros.
Há gente que nunca aprende com os seus erros e, por coincidência, está sempre na direita do espetro político!
E, no entanto, como estaria o setor da Construção Civil se a aposta no novo aeroporto tivesse ido por diante, utilizando para tal fundos europeus?
Quantos engenheiros e operários teriam ficado em Portugal em vez de se sujeitarem à emigração?
Quantos empregos teriam sido mantidos graças aos materiais e serviços destinados a tal construção?
Nestes quatro anos tivemos o tal “país no diminutivo” de que falava Alexandre O’Neill num dos seus mais conhecidos poemas. Olhando para schäuble e interiorizando que “juizinho é que é preciso”.
É por isso que importa romper em definitivo com esta tenebrosa herança...
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