Uma das fábulas mais conhecidas de La Fontaine é a da lebre e a da tartaruga.
Na semana passada a candidatura de marcelo rebelo de sousa foi apresentada como se de lebre se tratasse, destinada a passear-se sem problemas até à meta. E, no entanto, sabe-se bem no que dão essas supostas acelerações! Na verdade é a esquerda a ter todas as condições para vencer as próximas presidenciais!
Na sequência da análise aos mitos com que nos pretendem embalar num discurso contrário aos nossos interesses, peguemos agora naquele segundo o qual as eleições presidenciais constituirão um passeio para marcelo rebelo de sousa.
Será assim? Não acredito, apesar de, como manobra de diversão, a direita ter igualmente apoiado e promovido a candidatura de maria de belém, esperançada em vê-la disputar os votos de quem mais teme vir a ser empossado como novo presidente: António Sampaio da Nóvoa.
A candidatura da antiga administradora do BES Saúde é tão representativa da promiscuidade entre as empresas farmacêuticas e a política (quem esquece as cumplicidades entre antónio josé seguro, de quem foi presidente, e a Associação Nacional de Farmácias?), que será decerto confrontada com a sua condição de lobista de interesses privados na res publica.
Teremos, assim, as candidaturas de Sampaio da Nóvoa, de Edgar Silva e de Marisa Matias a confrontarem marcelo com a sua indigência. Porque, para além da notoriedade auferida pelo comentário semanal na TVI, ainda por cima principescamente remunerada, que tem marcelo a oferecer aos portugueses?
Para as funções de Presidente da República pretende-se quem possua a independência face aos diversos partidos, que o facciosismo sempre assumido por marcelo não garante. Causticados por dois mandatos de um cavaco, sempre incapaz de se ver como «presidente de todos os portugueses», porque demasiado ligado aos interesses dos seus comparsas (no PSD e no BPN), os eleitores não poderão esquecer as participações ativas de marcelo nas campanhas eleitorais e nas sessões de glorificação de passos coelho nos congressos do seu partido. Ele representa, igualmente, o que a grande maioria dos eleitores portugueses rejeitaram em 4 de outubro ao atribuírem à direita o seu segundo pior resultado de sempre!
Exige-se, igualmente, uma Visão quanto ao rumo a tomar pelo país. Ora não se conhece nenhuma ideia de marcelo quanto a esse futuro que deveremos trilhar. Homem da corte, ou seja, especialista da «política politiqueira», ele poderá ser um exímio intriguista (vide a cena da «vichyssoise» com paulo portas), mas nada o habilita para a criação dos consensos tão necessários para os próximos dez anos.
É por isso que a triplicação de candidatos dispostos a confrontá-lo com essas suas limitações só pode ser uma boa notícia para a candidatura potencialmente vencedora de Sampaio da Nóvoa. Porque, reduzida a de maria de belém à estatura efetiva de tal criatura (e não!, não estou a falar da sua altura no bilhete de identidade!), o antigo reitor da Universidade de Lisboa passará com distinção o decisivo teste dos frente-a-frente com os candidatos da direita e poderá agregar os votos de toda a esquerda na segunda volta.
Deixemos, pois, que o primeiro milho seja para os pardais, porque a dinâmica da candidatura de Sampaio da Nóvoa não tardará a tornar-se naquela que, no final da contagem dos votos, prevalecerá!
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