Tenho aqui manifestado as minhas maiores reservas sobre as sondagens que foram sendo conhecidas nas últimas semanas. Sem traduzirem verdadeiramente a realidade sentida nas ruas, elas fizeram parte da estratégia da coligação PáF para minimizar tanto quanto possível a dimensão da derrota, que a espera no próximo domingo. E, nesse aspeto - paralelamente com outros, que garantiram a máxima eficácia às várias ferramentas utilizadas pelos marketeiros da direita para iludirem os mais ingénuos e desinformados - conseguiram-no: provavelmente à justa, a direita conseguirá evitar a maior derrota por ela conhecida na Democracia. Os 37% com que a brindam as sondagens, que lhe são mais favoráveis, evita essa humilhação por uma unha negra.
Ainda segundo as mesmas sondagens, mesmo nas mais desfavoráveis ao PS, todas apontam para que os socialistas recuperem a condição de maior força política do país. Como as coligações PáF e CDU desfazem-se na noite das eleições, teremos uma Assembleia da República em que o PSD será inevitavelmente o segundo maior grupo parlamentar e o CDS andará a pedir meças ao Bloco de Esquerda para saber quem figurará em quarto e quinto lugar.
É por saber que o tapete lhe está a fugir debaixo dos pés, que a direita ensaia todos os truques: nos jornais desta manhã surgia a possibilidade de fundirem os grupos parlamentares no que significaria uma diluição do CDS dentro do PSD. Tratava-se, pois, de uma variante ensaiada anteriormente segundo a qual à maioria de mandatos equivaleria a responsabilidade de formar governo, como se o PáF fosse em si uma realidade mais do que conjuntural.
Provavelmente por não ter havido quem no CDS achasse graça à ideia de desaparecer tão repentinamente, passos já teve de corrigir o tiro nos noticiários do almoço. Mas mantém ativa a falácia de «os portugueses votarem num governo no domingo e descobrirem-se com outro na segunda-feira». Como se a maioria dos portugueses não estiver prestes a votar para correr com eles tão rapidamente quanto possível do governo? Só na cabeça de passos coelho e dos seus cúmplices ocorrerá que os portugueses sejam suficientemente estúpidos para acreditarem numa maior legitimidade dos 30 e tal por cento de eleitores, que quer a direita no poder, contra os mais de 50, que os quer no olho da rua…
Estamos, pois, à beira de uma vitória clara e inequívoca contra a direita. Potenciá-la significa fazer todos os possíveis para que ela desminta as sondagens no domingo e se torne ainda mais indubitável do que ela espera.
Na segunda-feira, quando cavaco voltar a demonstrar o quão absurdo significou tê-lo em Belém durante dois mandatos, será conveniente que ele lembre o general de Garcia Marquez no seu labirinto, incapaz de encontrar solução para os desejos de manter os seus ao leme do país.
Se a vitória socialista já é incontornável faltará que ela se torne indiscutível: António Costa terá, então, vencido contra tudo e contra todos, e poderá iniciar o ciclo de recuperação política, económica, financeira, social e cultural, que verdadeiramente merecemos.
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