Esta sexta-feira foi fértil em emoções fortes relacionadas com o nosso momento político.
Primeiro tivemos paulo portas a insultar António Costa, ciente de como o tapete está a escapar-lhe debaixo dos pés. Como depois comentaria o visado na entrevista à TVI, quando alguém envereda por esse tipo de argumentação é por saber como lhe está a fugir a razão. Tal como sucedeu durante a campanha eleitoral, existe um autêntico cerco mediático a acossar António Costa, a que se juntam bispos e empresários, que denuncia o pânico em que estão perante a possibilidade consistente de um acordo á esquerda. E prevalece a tranquilidade do líder socialista, que vai recomendando calma a quem demonstra tanta exasperação.
Mas tivemos, igualmente, a derrota do ministério público, com a libertação de José Sócrates.
Essa notícia confirma a suspeição da queda abrupta de um periclitante castelo de cartas, construído no último ano para garantir a vitória eleitoral da coligação de direita e agora a esboroar-se nas suas diversas vertentes.
Um dia - espero que tão breve quanto possível - ainda iremos compreender as “coincidências” de alguns momentos da Operação Marquês com iniciativas do Partido Socialista. Se a intenção não era desviar totalmente as atenções da alternativa política personificada por António Costa, conotando-o com gravíssimas acusações de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais imputadas ao antigo primeiro-ministro, lá que pareceu, pareceu…
A acabar o dia tivemos a referida entrevista à TVI onde António Costa abordou claramente aquilo que, há muito, se adivinha: se passos coelho e maria luís recusam o acesso à informação financeira exigida pelo Partido Socialista no âmbito das conversações entretanto ocorridas, é por saberem bem de mais as más notícias, que conseguiram esconder até às eleições. Infelizmente elas não demorarão muito a surgirem estampadas à luz do dia, e é isso mesmo que leva á histeria de paulo portas: não tardará a conhecer-se a verdadeira realidade das finanças públicas portuguesas, que Varoufakis, em entrevista ao «Público», considerou em estado de maior falência do que as gregas.
Nestas circunstâncias até será positivo que cavaco silva indigite passos coelho a formar governo e que ele vá sujeitar-se à rejeição da maioria parlamentar. É que essa operação de ocultação, programada para se aguentar até o início de outubro, não perdurará muito mais. E, muito provavelmente, esse governo, condenado à partida, já irá responder por alguns indicadores económicos ainda esta semana denunciados por teodora cardoso, do Conselho de Finanças Públicas, que apresentou um quadro muito preocupante da situação presente. O problema é que, ao contrário do que ela parece acreditar, a solução não passará pela repetição das mesmas receitas falhadas, mas por uma alternativa consistente orientada para o crescimento económico e a criação de emprego a partir do estímulo obtido com o maior rendimento disponível para as famílias.
Com sucessivos mitos a caírem uns após outros, o da impossibilidade de se optar por outro caminho que não o austericida, é mais um a acrescentar-se à evidência de estarmos a conhecer um período de grandes mudanças, que já tardavam.
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