quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Viva a Política!, diz ela (e diz muito bem!)

É preciso avisar toda a gente! O poema de João Apolinário, cantado por Luís Cília quando estava exilado em França, volta a fazer todo o sentido. Porque é preciso engrossar a verdade corrente de uma força que nada a detenha. E essa força tem a ver com o futuro que queremos ter. E que nos deve motivar a fazer Política, com um P bem grande, no que isso significa ambição e vontade de mudança!



Viva a Política!, eis o título do artigo de Sandra Monteiro no «Le Monde Diplomatique» de outubro. E, de facto, sente-se essa mudança de atitude em muita gente que, até muito recentemente, estava relativamente indiferente ao que se passava à volta e sente agora a importância em se empenhar.
O primeiro sobressalto revelador dessa atitude ocorreu há um ano, quando milhares de cidadãos decidiram participar nas Primárias do PS. Entre um tipo de políticos sem visão para o país e apenas dispostos a competirem pelo pote do poder com a direita, e o projeto novo personificado por António Costa, para quem conta o rigor das metas exequíveis e a capacidade de tornar mais justa e igualitária a sociedade em que vivemos, o resultado foi inequívoco.
O segundo ocorreu agora com as eleições de 4 de outubro, que não deu vitória nenhuma à direita. Aliás, era patética a expressão de passos coelho, quando ontem falava nas televisões sobre a “vitória”, que tinha tido e lhe deveria dar o ensejo de prosseguir com as mesmas políticas.
Quando alguém procura repetir incessantemente que ganhou, é por já ter interiorizada a consciência de ter sido derrotado.
Como escreve a diretora do «Le Monde Dplomatique» a austeridade foi ferida onde mais lhe dói: na capacidade que tinha tido de exercer o seu poder totalitário.
Os eleitores responderam, na sua maioria, que estão mais interessados numa outra estabilidade: não esta, parada e fechada, mas uma outra, a do movimento e da construção de alternativas possíveis”.
Importa, assim, impor um terceiro sobressalto aos que pretendiam manter o estado das coisas: fazermos política, militando ativamente por causas, que rompam com uma elite medíocre, que controla os negócios e a comunicação social, mas perdeu a governabilidade de que tanto careceria para impor a sua agenda ideológica.
No momento presente essas causas são as da candidatura à Presidência de António Sampaio da Nóvoa, que partilha com a maioria dos portugueses a rejeição do modelo austeritário e ambiciona um tipo de desenvolvimento económico e social, que respeite a dignidade dos cidadãos.
Derrotar marcelo e maria de belém equivale a coartar a obscena promiscuidade entre o poder político e o mundo dos negócios de que eles são meros testa-de-ferro.
Mas há, igualmente, que erradicar o Partido Socialista daqueles que, mais do que não o pretenderem ser, ambicionam transformá-lo na dócil força política, que encare como inevitável a austeridade como forma de governação.
Os próximos meses exigem-nos muito esforço. Mas valerá a pena investir na possibilidade de derrotarmos quem tanto mal nos quer fazer...

Sem comentários:

Enviar um comentário