Uma das vozes avisadas da direita, José Miguel Júdice, já considerou muito possível, que a arriscada estratégia de António Costa dê certo. E considera-a perfeitamente legítima! Que quereriam os seus críticos, que fizesse? Deixar-se ficar tolhido no cerco, que lhe têm movido, esperando pelo golpe fatal? Até no futebol sabemos bem como, quase sempre, a melhor defesa é o ataque!
É paradoxal o esforço da maioria dos colunistas do «Expresso» em questionarem a ética de António Costa nas presentes negociações para a formação do próximo governo!
Durante quatro anos assistiram, impávidos, à completa falta de escrúpulos de passos coelho nas mais diversas ocasiões, nomeadamente na forma como desprezou acintosamente os líderes socialistas. Em toda essa tripa-forra, que foi a consumação quase permanente do quero, posso e mando - só travada pelo Tribunal Constitucional - nunca questionaram o comportamento do ainda primeiro-ministro. Por isso, qual a admiração com o que se está a passar? É que, se ele vai para as reuniões com o PS com a mesma arrogância de quem se julga dono do mundo, bem pode esperar sentado, porque António Costa está disposto a dar-lhe o devido troco.
Algo que é incompreensível para Bernardo Ferrão que, há semanas consecutivas, põe António Costa na coluna dos «Baixos», porventura ressabiado por ele lhe ter recusado colaboração no livro lançado pouco antes da campanha eleitoral e destinado a dar do biografado uma imagem mais depreciativa do que positiva, sob a aparência de uma desmentida objetividade.
Mais compreensível seria para Pedro Santos Guerreiro, que até é capaz de reconhecer na sua crónica em como o programa eleitoral do PS era bastante superior em qualidade ao do PàF! Qual a coerência com tal juízo, quando agora defende a legitimidade de um governo liderado por passos coelho, perdida que para este ficou a maioria absoluta?
E que dizer de Miguel Sousa Tavares - sempre capaz do melhor e do pior. Nesta altura a situar-se no último desses registos talvez por não se conseguir desvincular da condição de marido de quem é!
Temos tudo encaminhado para que, segundo o semanário de Balsemão, se volte às urnas entre abril e maio, assim o ajude a eventual eleição de marcelo para Belém. É o que desejam muitos dos comentadores do suplemento de Economia, capazes das mais esdrúxulas apreciações sobre o presente impasse.
Fariam bem em levar a sério o aviso de Nicolau Santos nas mesmas páginas: deveriam pensar … fora da caixa. Porque momentos de exceção também exigem outros modelos de reflexão, que não os entretanto cristalizados nas preguiçosas cabeças de tais escribas.
A História dos povos tem sido fértil em viragens súbitas, que tornam exequíveis as soluções anteriormente classificadas como impossíveis. E, pelo que à esquerda está a acontecer, até podem vir a ficar desagradavelmente surpreendidos com a sustentabilidade da alternativa, que porá fim à execrada austeridade...
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