1. A tomada de posse do novo governo de passos coelho foi uma espécie de “ópera bufa”, mais no que sobre ela se pôde dizer de jocoso a partir da assistência, do que pela piada do seu próprio argumentário.
O formalismo foi respeitado, mas sentia-se a falsidade de toda a encenação, cuja pobreza condizia com a da balofa mentalidade da maioria dos presentes.
E que dizer das árias/ discursos? Houve quem as classificasse de confusas, mas elas revelaram-se, sobretudo, indigentes, porque nada de consequente disseram sobre o futuro que virá.
2. Mesmo largando o pote é bem conhecida a estratégia levada a efeito por passos & Cª em deixarem o aparelho de Estado suficientemente recheado de gente sua, que possa torpedear a implementação das políticas decididas pelo governo, que se lhes seguirá.
Um dos mais importantes espaços donde será crível o contra-ataque à maioria de esquerda é o Banco de Portugal, que demonstrou ao que está disposto ao designar sérgio monteiro como o responsável pela venda do Novo Banco.
Não é preciso fazer grandes apresentações sobre o antigo secretário de Estado, porque ele foi ao longo dos últimos quatro anos o paradigma do cow-boy que, ao ouvir a expressão “empresa pública”, sacava logo da pistola.
Exemplo lapidar da teapartização da direita portuguesa, ele representa os setores da direita mais fanática, que acredita “quanto menos Estado, melhor Estado”, o que é tão falso quanto tantos outros mitos enquadráveis na mesma lógica, entretanto, desmentidos nos anos mais recentes, como o da suposta superioridade da gestão privada em relação à pública.
Será desejável que, na nova legislatura, a Assembleia da República lance uma comissão parlamentar para avaliar o comportamento de carlos costa à frente do Banco de Portugal durante toda a tragédia BES. Porque ele deverá ser devidamente sancionado pelo papel de mera marionete da estratégia do PSD e do CDS para alimentar uma falsa imagem de justiceiro perante um poder bancário, que faria sentido utilizar quando chegasse o momento das eleições. Mesmo que o resultado fosse a fragilização do seu já periclitante estado em Portugal.
3. A notícia de tentativa de levar a julgamento um especulador que, em 2010, andou a criar as condições mediáticas necessárias para enriquecer com a forçada criação da crise financeira portuguesa, é um pequeno exemplo do que então esteve em causa.
Se foi possível identificar os atos concretos de Peter Boone para acumular dividendos com a evolução das taxas de juro aplicáveis a Portugal à medida, que ia publicando artigos na imprensa económica destinados a empolá-los, fica muito por esclarecer em relação à atuação concreta de muitos bancos da City com departamentos inteiros dedicados a esse tipo de engenharia financeira especulativa.
E, no entanto, a direita andou anos a querer escamotear as responsabilidades alheias na crise que quis atribuir exclusivamente a José Sócrates. A mentira e a manipulação da opinião pública nacional não teve qualquer travão motivado por uma ponta de escrúpulo.
Será bom que a esquerda acautele este tipo de comportamentos indecorosos da direita para criar aparências de realidade, que são completamente falsas.
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