quinta-feira, 12 de junho de 2014

A nova estratégia da direita a respeito da Constituição

Antes mesmo de agarrar o «pote», passos coelho bem tentou mudar a Constituição, apresentando um projeto, que viraria do avesso muito do que nela está consignado na sequência da Revolução de Abril.
Na altura não faltaram opinadores televisivos e manchetes dos jornais económicos apostados em criar o clima propício a forçar o Partido Socialista a acatar esse projeto, como se ele se revelasse incontornável.
Veio a campanha eleitoral para as legislativas de 2009 e a vontade era tanta em aproveitar a oportunidade única de imputar ao PS a narrativa da bancarrota, que se multiplicaram as mentiras a fim de alcançar o maior anseio da direita: aproximar-se dos 2/3 dos deputados nas suas bancadas, perante uma oposição enfraquecida.
O cálculo saiu-lhes furado: apesar de tanta tentativa em o denegrir o PS de Sócrates ainda conseguiu reservar para si 74 deputados, que somados aos do PCP, do Bloco e dos Verdes, garantiu 43% da composição parlamentar.
Ao tomar posse jurando respeitar a Constituição passos coelho não estava apenas a acrescentar mais uma ao chorrilho de mentiras, que o conduzira até ali: sabia que teria de arranjar forma de aplicar a «sua» Constituição, fingindo respeitar aquela por que acabara eleito.
Não se estranha, assim, que nenhum dos seus Orçamentos se tenha revelado em conformidade com os limites a que estava obrigado. Nem que, em função disso, tenha transformado os juízes do Tribunal Constitucional como seus inimigos de estimação. Mesmo tendo alguns deles sido por ele propostos!
Falhadas todas as tentativas de subversão constitucional, até mesmo em convencer os portugueses da necessidade de uma nova lei fundamental - as sondagens demonstram precisamente um apoio maioritário dos eleitores a esta Constituição! - temos a direita a ensaiar uma nova manobra: a de fazer submeter toda a legislação nacional à sua forma de interpretar a oriunda da União Europeia.
Foi essa a tarefa a que teresa leal coelho se predispôs ao considerar que quaisquer direitos constitucionais teriam de se curvar perante os ditames de um Tratado Orçamental, que durão barroso nunca se arriscou a referendar por sabê-lo contrário á vontade da maioria dos povos europeus.
Mas não deixa de ser paradigmático que seja a mesma direita, que lançou foguetes a propósito da «libertação» face ao memorando, a revelar-se tão antipatriótica e servil face àquilo que interpreta como as pretensões dos burocratas de Bruxelas.
Com essa atitude não tendem  apenas a afastar os portugueses do euro, mas também da própria União Europeia, sobre a qual muitos começam a ponderar numa lógica de custos e de benefícios...


Sem comentários:

Enviar um comentário