Em situações desesperadas, os líderes desacreditados costumam recorrer a soluções extremas, improváveis nas alturas em que estavam no que lhes pareceria um «estado de graça».
Assim se explica que, depois de anos a expressar desacordo com as propostas de abertura das eleições internas aos simpatizantes do partido, António José Seguro se mostre um entusiástico paladino da ideia. Implementada às três pancadas, sem uma reflexão séria de como deve ser organizada e qual o âmbito por que passarão a ser definidos esses simpatizantes.
O mesmo aconteceu aqui ao lado com o rei espanhol. Com sondagens a mostrarem uma persistente desafetação dos espanhóis no apoio à monarquia, e com a crise económica e a ameaça independentista da Catalunha a tudo pôr em causa, ele achou por bem passar o testemunho a Felipe, esperançado em que, com novo rosto, uma instituição caduca consiga prolongar um pouco mais o inevitável estertor.
É bem possível que, embora sejam imensas as manifestações a favor do referendo sobre o tipo de regime em que os espanhóis queiram viver, não consigam impô-las. Atualmente sem líder, o Partido Socialista não terá condições para servir de fiel da balança e direcioná-la para a consulta aos eleitores. Mas será muito provável que não venham longe os dias em que Letízia e se convertam em mais um daqueles casais de monarcas depostos, que tanto colorido dão às «holas» deste mundo!
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