Lá diz provérbio popular que hora a hora, Seguro piora. Pelo menos é isso, que vão denotando as suas sucessivas intervenções públicas, sobretudo nas entrevistas a que tem acorrido nas diversas televisões com o afã desesperado de fazer uma corrida contra o tempo … e contra um partido que se vai dele dissociando.
Agora jogou a cartada oportunista das primárias, qual truque de malabarista, que vê na implementação precipitada de uma ideia com potencial, - mas cuja preparação deveria ser devidamente ponderada (o PS francês levou dois anos a conseguir concretizá-la!), - a forma expedita de sacudir o apertado cerco ao seu castelo do Largo do Rato. E, para se convencer, garante: “Vou ganhar as eleições primárias”.
Não se sabe se quer acreditar no que diz, se está a congeminar, com o seu grupo restrito de fiéis, uma forma de “chapelada”, que não condiga com a verdadeira vontade dos militantes socialistas.
Mais adiante ele diz que tudo isto significa um “momento histórico na democracia”, mas quem o ouve pode considerar que a afirmação só tem real valor pelo facto de, nos últimos quarenta anos, não se ter visto em nenhum dos grandes partidos um tal apego ao poder por um líder partidário que prefere fugir ao combate leal proposto e inventa uma solução às três pancadas para definir, ele próprio, as condições em que ele possa ocorrer.
Depois de ter modificado os estatutos já no intuito de se perenizar à frente do Partido, mesmo contra a opinião de muitos militantes, António José Seguro está a assegurar uma imagem deplorável do que deve ser um político sério e responsável. Para ele e os seus colaboradores mais próximos não importa que o PS se possa perenizar, desde que continuem a ser os Venizelos nacionais.
Outro comentário que tenho ouvido esta manhã sobre a entrevista em causa foi quando António José Seguro afirmou: “Anulei-me durante três anos para manter a paz no PS, agora vou mostrar as minhas convicções”, e exemplificou como caso concreto de cedência a constituição da lista para as eleições europeias.
Para além de se assemelhar cada vez mais a passos coelho naquele tipo de político que anda a prometer assim e assado, escondendo as intenções, para depois se revelar na sua verdadeira face - alguém escrevia esta semana nos jornais, que será de temer que António José Seguro venha a mostrar-se ainda muito pior do que aquilo que parece! - ficámos a saber que, se a sua estratégia tivesse vencimento as escolhas para candidatos às próximas eleições teriam características de facciosismo numa dimensão nunca conhecida dentro do Partido. O mais certo seria que os mais talentosos deputados socialistas em quem reside o brilhante futuro do Partido - desde João Galamba a Pedro Marques, de Pedro Nuno Santos a Isabel Moreira - fossem preteridos pelos elementos que ultimamente têm aparecido do anonimato para, com as suas intervenções públicas, embaraçarem os militantes que têm a infelicidade de os ouvir (e aqui é melhor não lhes referenciar os nomes porque isso corresponderia a atribuir-lhes uma importância, que não têm!).
Mas a cereja em cima do bolo da entrevista a Ana Lourenço foi quando Seguro disse: “As pessoas têm o direito a ter as suas ambições, mas não as devem pôr à frente do partido”,
A essa pérola só se pode retorquir com um vibrante e sonoro “Dáaaaah?”.
Será que ele não mede as suas palavras, não sente que armado em regador é ele próprio o regado pelo ricochete das suas palavras?
Hoje não são só milhares de militantes socialistas que o vêem assim! São os comentadores e cidadãos anónimos, que olham para António José Seguro como alguém que, apenas por ambição pessoal, está a pôr em causa o futuro do Partido Socialista!
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