domingo, 1 de junho de 2014

POLÍTICA: Seguro meio calimero, meio vingador!

Há um par de dias, em conversa com outros socialistas, colocava-se a questão de trazer ou não para a arena pública as opiniões internas sobre a atual disputa da liderança dentro do Partido. A lógica dominante mandava discutir tudo no seio das secções, das concelhias ou das federações, mas ostentar cá fora um mesmo respeito pelos dois potenciais candidatos a líderes António José Seguro e António Costa.
Se já tinha dúvidas quanto a essa opção de imitar partidariamente os compromissos das lojas maçónicas - não andamos há tanto tempo a propalar a importância da abertura do Partido à sociedade? - menos escrúpulos tenho em violar aquele compromisso tácito depois do triste espetáculo dado pelo ainda secretário-geral antes, durante e depois da reunião do Vimeiro.
É que o lugar dos Marinhos Pintos não é dentro do PS: os fenómenos populistas são sempre transitórios e não têm cabimento em organizações com um património histórico a respeitar. Ora, começando nas ridículas cenas protagonizadas nos corredores da Assembleia da República durante a discussão da moção de censura do PCP e concluindo-se na “oportuna” entrevista concedida a judite de sousa na TVI, António José Seguro andou a desrespeitar esse património e a revelar a sua verdadeira face.
O que se viu nesse comportamento dá inteira razão a Mário Soares quando, no artigo do «Público», o acusa de “protagonizar um estilo de liderança que não suscita a adesão dos eleitores, que pouco tem a ver com a identidade do partido”. De facto, nos seus mais de quarenta anos de existência, jamais se vira um líder do Partido Socialista enveredar por este tipo de demagogia populista, que confirma a sua falta de substância ideológica e a incapacidade em concetualizar um projeto visionário com que os portugueses se identifiquem.
Seguro demonstra o desespero em que se encontra nesta altura: à falta de argumentos envereda por apelar aos sentimentos mais primários dos militantes e simpatizantes, ora fazendo figura de calimero, ora mandando alguns dos seus lugares-tenentes ameaçar quem se perfila no campo contrário (e assim se compreendem as ameaças desse exemplo lapidar de mediocridade chamado António Galamba ao sempre admirável João Galamba!).
O que se está a passar é muito triste por confirmar o que já se adivinhava: depois da saída de José Sócrates, gente de uma inaudita vulgaridade tomou de assalto o partido e quis aproveitar-se dele para satisfazer as suas pretensões egoístas. E por isso falam do Partido como se de coisa sua se tratasse e não dos seus militantes.
Seguro e os que integram a sua corte vão acabar mal, porque dia-a-dia desmascaram-se perante quem pretendiam valorizar-se. “Criancice”, “imaturidade”, “inexperiência” e outros tópicos similares vão sendo adotados pelos mais credíveis comentadores mediáticos para caracterizar os comportamentos com que julgam possível manter-se à tona. Mas a sua barca está a meter água por todos os lados. Por isso já são numerosos os que prognosticam o óbvio: Seguro, que se dizia “sem pressa” para que o poder lhe viesse cair nas mãos, vai vê-lo cada vez mais longe por um óculo, que o reduzirá a um ponto minúsculo na paisagem.
Bem poderá a direita promove-lo o mais que puder, já que o sabe “seguro de vida” dos partidos da maioria, mas nunca chegarão a ter de concretizar o que decerto já têm previsto: a haverem primárias abertas para militantes e não militantes, organizar-se-iam para vedarem a hipótese de sucesso a António Costa. A entrevista à TVI demonstrou isso mesmo: por muito que lhe deem espaço mediático, Seguro vai-se afundando. E do seu definitivo afastamento, o Partido Socialista renascerá mais forte, capaz de galvanizar o apoio dos eleitores para o novo ciclo político e económico, que com ele se iniciará!


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