Sou dos que muito prezo as metáforas como forma de melhor exprimir uma mensagem política. Ora o dia facultou-me dois exemplos felizes dessa evidência a propósito das Primárias ainda em cima da mesa como método de escolha do próximo líder socialista.
No «Público» o editorial levantava sérias dúvidas a tal processo porque “usar um mecanismo estranho num momento de crise é como termos a casa a arder e, em vez de agarrarmos no extintor, convocarmos uma reunião de condomínio para discutir como apagar o fogo.”
Ora ter a casa a arder e esperar quatro meses para atuar em conformidade só tem a ver com um ainda líder, que ficará recordado pela expressão “qual é a pressa?”. Agora com maior motivo para essa indolência, porquanto só uma “oportuna” crise política o poderia salvar do anunciado fim da sua incompetente gestão política.
À medida que as distritais, uma a uma, vão votando a favor de António Costa, Seguro só poderá esperar por um milagre operado por são cavaco para não vir a ser confrontado com o seu iminente pesadelo: olhar para trás de si e só encontrar os indefetíveis já demasiado a si colados para operarem a mudança para o campo adversário sem caírem no ridículo.
A segunda metáfora do dia veio de José Sócrates na sua intervenção (raramente) semanal na RTP: não se pode conduzir um porta-aviões como se se tratasse de um barco de recreio. E essa terá sido a mais contundente crítica a Seguro feita pelo seu antecessor desde que passou a comentar a realidade política nacional na estação pública. Porque, de facto, quem aspira a liderar uma organização com a História e com a importância do Partido Socialista tem de ter as competências para tal, coisa que não se vislumbrou em Seguro e nos seus diretos colaboradores.
Mantendo-nos nas metáforas marítimas seria como pedir a um patrão de costa capaz de pilotar uma pequena embarcação, que se atrevesse a comandar um «Queen Elizabeth» ou um superpetroleiro!
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