Num recente “Daily Show” o ator britânico Jude Law contava o sucedido com uma atriz inglesa conhecida por um tipo de desempenhos, e que justificaria a iniciativa do respetivo agente em enviar-lhe a proposta para a participação num novo filme.
Como não desse qualquer resposta, o mesmo agente voltou a comunicar com ela para lhe apressar a decisão. Recebendo esta explicação:
- Eu consigo pôr o chapéu da personagem! Até sou capaz de envergar a roupa para ela prevista! Mas agora os sapatos?! Esses não consigo calçar!
Ora aí está uma boa metáfora do que se passa com António José Seguro: consegue ter aspeto de secretário-geral, portar-se como um secretário-geral … mas não tem pés que consigam calçar os sapatos da função. Por isso mesmo não conseguiu que, nas europeias, os portugueses o vissem como um potencial primeiro-ministro: visou alto, mas a meta ficou muito distante!
Porque desenganem-se quantos acreditam terem sido meramente as propostas para as políticas europeias a estarem em avaliação no dia 25 de maio. Ou que a razão para tão medíocre vitória tenha tido a ver com a impossibilidade de debater a Europa pela forma amurganheirada como a direita conduziu a campanha.
Nesta oportunidade para exprimirem pelo voto a sua opinião das lideranças políticas, os portugueses disseram o que pensavam: execram esta direita, que os tem massacrado com as políticas de austeridade, mas não confiam em António José Seguro. E por isso mesmo, ao pretenderem uma mudança efetiva da orientação política do país, os eleitores deram razão a quantos têm olhado para os brilhantes, os purezas, os zorrinhos e nunca os vêem a expressar o que sentem: um repúdio por tudo quanto a direita tem destruído do muito implementado pelos governos anteriores e a apresentação de uma proposta consistente de redenção da economia portuguesa.
Tivesse António José Seguro conseguido convencer os portugueses a darem-lhe um apoio na ordem dos 36/ 38%, que alavancasse a possibilidade de se alcançar a maioria absoluta e teríamos reconhecer que a estratégia da direção socialista estava a ser bem sucedida. As europeias vieram determinar uma quebra em relação aos valores obtidos nas autárquicas (onde casos como o de Matosinhos já revelavam os efeitos da doença infantil do securismo) e justificaram a disponibilização e António Costa para demonstrar que é possível fazer melhor!
Agora, lamentavelmente, Seguro e os seus colaboradores diretos primam pela mais indigna política politiqueira, através de assassínios de carácter a quem deles discordam e de atrasar tanto quanto lhes for possível o confronto por que os militantes anseiam: eleições diretas para secretário-geral e Congresso Extraordinário.
Quem de fora olha para o que se passa internamente dá recados para levar por diante a tentativa de destruição do Partido Socialista: marcelo rebelo de sousa aconselha a direita a convocar eleições antecipadas para apanhar o principal partido de oposição numa posição de fragilidade. Solução que parece ser do agrado de António José Seguro, que para tal pediu a cavaco a convocação do Conselho de Estado.
Mas o próprio chumbo do Orçamento pelo Tribunal Constitucional abriu a possibilidade de passos coelho e paulo portas aproveitarem para criarem a almejada crise política, esperançados em que com Seguro à frente do PS, ser-lhes-á muito mais fácil prosseguir com os seus objetivos do que com uma nova liderança como a proposta por António Costa.
Por uma vez há que atender à leitura avisada que o «Luta Popular» do MRPP faz da situação e com a qual é difícil discordar: cavaco tem agora na mão a possibilidade de destruir o partido socialista, com que sempre sonhou, se entrar nesta estranha aliança que lhe propõe Seguro.
(…) Em desespero de causa, Seguro não se importará de ficar na história do PS como o secretário-geral que destruiu o seu próprio partido, à laia do grego Eróstrato que, em 356 antes da nossa era, também quis, em desespero de causa, passar à história, incendiando o templo de Artemisa em Éfeso.
Cuidado socialistas: um olho em Seguro e outro em cavaco…
Sem comentários:
Enviar um comentário