Mário Soares deu hoje uma entrevista ao “i” em que reafirma o apoio a António Costa considerando-o o político mais bem preparado para vencer a direita e levar por diante a inflexão do desastroso percurso governativo durante estes três anos. E sobre António José Seguro é taxativo: errou ao colocar como maior objetivo da sua estratégia a possibilidade de vir a ser primeiro-ministro, recusando-se a ouvir quem o não bajulasse.
A posição pública do fundador do Partido é tanto mais fundamental, quanto é acompanhada por quase todos quantos forjaram as suas ideias nas lutas políticas de antes e de depois do 25 de abril, quando elas eram muito mais motivadas por imperativo cívico do que pela procura de satisfação do ego, algo em que passos coelho e Seguro são exemplos lapidares.
A análise de Mário Soares é tanto mais arguta quanto se olha para a “corte”, que rodeia o ainda secretário-geral e encontram-se apoiantes, que assustam pela indigência do que dizem.
Até quem não sendo socialista mas vai estando atento ao que nele se passa - como sucede com o historiador Rui Bebiano - constata o mesmo que muitos militantes sentem: De cada vez que leio nos diários um depoimento de um dos figurões, ou de uma das figurinhas, que no PS sustenta acriticamente as posições de Seguro, fico estarrecido com a vacuidade dos argumentos e com a agressividade do registo. Com exceções, naturalmente, é abissal a diferença de qualidade entre os dois lados.
É essa clara diferença de qualidade, que explica a necessidade de substituir quantos chegaram à Direção por colagem tacticista a um líder que andou anos a promover-se internamente através de visitas a secções, convencido de que alcançar a liderança seria apenas uma questão de relações públicas.
O que o país precisa não é de um líder que conheça o Manel ou o Joaquim da mais recôndita secção do país, mas quem tenha substância ideológica para levar por diante um novo projeto para o país!
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