quinta-feira, 12 de junho de 2014

Quem deu hoje atenção ao que se está a passar no Iraque?

É verdade que a guerrilha de passos coelho ao Tribunal Constitucional e o campeonato do mundo de futebol estão a entupir todos os noticiários com tretas irrelevantes, que acabam por obnubilar outras informações bem mais significativas sobre o que de verdadeiramente está a acontecer. Por exemplo: quem deu hoje pelo facto de os islamistas mais fanatizados (ao ponto de quase reduzirem a Al Qaeda a meninos de coro!) terem hoje conquistado uma grande parte do território do Iraque?
E, no entanto, a guerra que aí se vive, é mais um ato sangrento a acrescentar aos anteriores dessa tragédia ali encenada por esse criminoso ainda por julgar, que se chama george w. bush com a cumplicidade ativa de blair, aznar e barroso.
O que estupidamente quiseram lançar como uma guerra entre civilizações aí está a fazer ricochete e a pôr em causa um dos principais pilares de abastecimento de combustíveis ao mercado mundial capitalista.
A bandeira negra, que hoje ficou a flutuar em várias regiões iraquianas, representa a ambição de criar um Estado ultra-islâmico capaz de destruir o Ocidente. Quem encabeça esse projeto é o grupo terrorista Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL), que já conquistou a cidade petrolífera de Mossul, bem como Tikrit, a capital da província de Salah ad-Din.
O objetivo seguinte é Bagdad para cuja defesa o exército iraquiano está impreparado e incapaz de evitar o que prenuncia um caos de contornos imprevisíveis.
Com estes avanços militares o EEIL aproxima-se do seu principal anseio: dominar uma grande região geográfica a leste do Mediterrâneo.
O mesmo EEIL também desempenha um papel fulcral no conflito sírio: desde 2013 os ultra-radicais aproveitam a inexistência das estruturas do Estado para divulgarem a sua causa e atraírem a si novos prosélitos.
Ao princípio esses combatentes bem treinados foram acolhidos de braços abertos pelos opositores ao regime de Assad. Que não tardaram a compreender quem tinham convidado para o redil: logo começaram as execuções sumárias, os raptos e a imposição de rígidos princípios morais, que os revelaram quão monstruosos efetivamente eram. Hoje, na Síria ocorrem combates intensos entre o EEIL e os seus antigos aliados da Al Qaeda.
Segundo a Human Rights Watch o EEIL conseguiu apossar-se nos últimos dias de um enorme arsenal de armas anteriormente na posse do exército iraquiano. O que leva os especialistas militares a preverem que os seus elementos se tornaram mais perigosos do que alguma vez foram os terroristas da Al Qaeda, sobretudo desde a morte de Bin Laden.
Contabilizam-nos em 7 mil na Síria e 6 mil no Iraque, encontrando-se entre eles alemães, britânicos, franceses e outros europeus.
Esta crise também está a suscitar uma nova catástrofe humanitária já que, só de Mossul, terão fugido mais de 500 mil pessoas. A Organização Internacional para as Migrações alertou, a partir do seu escritório em Genebra, que os feridos não tiveram possibilidade de serem socorridos devidamente.
No entretanto, em vez de encarar de frente esta verdadeira ameaça islamo-fascista, que põe em risco toda a bacia mediterrânica e a Europa no seu todo, os dirigentes europeus vão-se mostrando cúmplices de Obama na sua obsessão em legitimar o golpe de estado operado na Ucrânia, menosprezando aquela que significará potencialmente a ameaça mais letal com que o Ocidente se poderá confrontar nos próximos anos.


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