domingo, 19 de agosto de 2012

Quem nos dera que tivéssemos um governo como o islandês!


As últimas duas edições do «Público» trazem quatro notícias, que refletem bem como o atual Governo precipitou o país num impasse para o qual não arranja saída airosa e como existem soluções exatamente opostas e bem sucedidas, que deveriam suscitar conclusões óbvias nos nossos ministros.
Uma dessas notícias espelha a triste realidade de tanta gente desempregada e condenada à miséria mais revoltante: Há três trimestres consecutivos que Portugal regista uma média de 465 mil desempregados sem proteção social, o valor mais alto de sempre. O que significa cada vez mais gente condenada a viver na rua ou a regressar a casa dos pais para que as modestas pensões de reforma destes ainda possam ser redistribuídas por mais bocas esfomeadas...
Noutra notícia faz-se diagnóstico similar ao anterior ainda que noutro indicador: Há 18 meses que o ritmo de atividade económica está a diminuir e há 21 meses que o consumo privado cai devido às sucessivas dietas de austeridade e ao desemprego recorde. Nunca a economia portuguesa esteve em terreno negativo durante tanto tempo. Se pensarmos que o crescimento depende sempre do estímulo á procura interna, adivinha-se falaciosa a previsão otimista de Passos Coelho no comício do Algarve em função da prometida continuidade da política de forte aperto no cinto...
Mas enquanto os portugueses vão dando tratos à imaginação para à ruína, os governantes tratam de ir garantindo o acesso dos seus amigos ao «pote»: mais de metade dos 23 diretores executivos dos Agrupamentos de Centros de Saúde do Norte foram substituídos e, destes, pelo menos sete terão sido nomeados por critérios exclusivamente político-partidários, denunciam os dirigentes do Sindicato dos Médicos do Norte.
Comprova-se, pois, o quanto era falsa a promessa de comportamento virtuoso quanto à nomeação de dirigentes para as instituições estatais. Em vez dos critérios meritocráticos tivemos, uma vez mais, o primado do cartão partidário.
Na opção totalmente oposta à crise mesma crise financeira, a Islândia está a ser reconhecidamente bem sucedida na forma como está a recuperar a sua economia: Seguiu uma política oposta à de Portugal e a rápida retoma é elogiada pela própria missão do FMI. Recusou proteger os credores dos bancos, protegeu-se da fuga de capitais e restringiu a sua circulação. (…) O Estado centrou-se no apoio às famílias e empresas, preservando o Estado social. O desemprego caiu de 9,3% para 4,8% e a economia crescerá 2,4%, assente no consumo e investimento.
A diferença entre a Islândia e Portugal é que, aqui, temos a direita a tomar por modelo as ideias tenebrosas de Milton Friedman e dos seus seguidores, enquanto no país dos vulcões surgiu um governo de esquerda decidido a defender os cidadãos em vez dos bancos.
Os resultados estão à vista!

Sem comentários:

Enviar um comentário