A exemplo de Passos Coelho na Manta Rota o país está a banhos, mas do governo continuam a surgir decisões de incomensurável gravidade em relação a quem dele espera medidas capazes de trazerem alguma luz ao fundo do longo e escuro túnel em que tem enterrado o país.
A falência do projeto de José Roquete para o Alqueva é um péssimo exemplo de como não se investe em negócios geradores de emprego e de captação de receitas externas numa das zonas com maior potencial turístico do país.
Mas se Coelho, Gaspar, Relvas, Portas & Cª não mostram outra atitude que não seja a de castrar qualquer esforço de empreendedorismo com potencial para infletir a espiral de desemprego e de decrescimento da economia, também manifestam uma reiterada e total ignorância cultural como fica demonstrada na decisão de fechar a Fundação Paula Rego.
Se não adivinhássemos em Francisco José Viegas a vertente carreirista, que sempre o caracterizou, esperaríamos que, perante este absurdo insulto à nossa mais conhecida artista plástica, um mínimo de dignidade o levasse a demitir-se da inexistente secretaria de estado em que foi metido como titular.
Não é assim: afinal o governo português limita-se a imitar alguns dos seus parceiros europeus (Espanha, Grécia, Itália) no abandono do seu património histórico. A esse respeito lembra Fernando Sobral no «Negócios», que na última década delegações da escola de quadros do Partido Comunista, de onde sai a elite que governa a China, têm visitado as ruínas de Pompeia, em Itália. Nas ruínas da cidade devastada pelo vulcão do Vesúvio buscam respostas para o seu futuro. Sem deuses, os chineses acreditam que o sucesso das grandes nações se encontra na história.
Que diferença em relação ao que se passa neste continente sem respeito pelo passado onde assenta a sua identidade.
Mas, ainda assim, o dia não nos traz só notícias de sinal negativo. Da América surgem sondagens animadoras, quanto à forte probabilidade de Obama ser reeleito contra Mitt Romney, afastando a possibilidade de uma inflexão ainda mais à direita das estratégias implementadas a partir da Casa Branca.
Muito embora o atual presidente tenha sido uma grande desilusão para a maioria dos que nele viram a esperança de ressurgimento de uma linha política menos alinhada com o grande capital financeiro, a alternativa seria sempre pior.
E acompanhando o contentamento de Baptista Bastos, que anuncia no «Diário de Notícia^» a iminência de vir a ser avô pela segunda vez nas próximas semanas, vale a pena subscrever a forma como ele conclui a sua crónica semanal: Não vale a pena desalentar.
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