sábado, 25 de agosto de 2012

FILME: «Um Dia» de Lone Scherfig



Não sei se a marca de comprimidos ainda existe, mas este filme lembra aquela frase da já minha distante infância em que se dizia que o «Melhoral» não fazia bem nem mal…
O filme de Lone Scherfig é uma coisa assim meio estranha, nem completamente drama, nem nada que se assemelhe a comédia, mas com romantismo quanto baste para corações piegas. Constitui fórmula eficaz de empatia com o público essas histórias de paixões assolapadas a que as circunstâncias não permitem consumarem-se no seu devido potencial...
Temos, então o ano de 1988 quando, a 15 de julho, Emma conhece Dexter e ficam amigos para toda a vida depois de dormirem juntos na noite da formatura de ambos e da subsequente ressaca.
Decididos a serem amigos, evitando a possibilidade de irem mais além, contactar-se-ão todos os dias 15 de julho dos anos seguintes, acompanhando-se a respetiva evolução.
Ela a viver com um comediante falhado, a dar aulas a miúdos e a escrever livros com algum sucesso. Ele a conhecer uma meteórica ascensão num show televisivo intragável e depois a cair sucessivamente em projetos cada vez mais irrelevantes, com um casamento e uma filha de permeio.
Nalguns dos reencontros a tentação é grande em irem mais além, mas há sempre algo ou alguém a impedi-los. Só já no novo milénio é que, enfim, reconhecem a impossibilidade de se evitarem e começam a viver juntos, quiçá a tentarem ser pais. Mas é também por essa altura, que ela morre, atropelada quando atravessava as ruas londrinas de bicicleta para ir ao encontro dele.
Para Dexter isso significa o regresso ao álcool, que já fora um dos seus principais problemas do passado, nomeadamente aquando de um dos últimos encontros com a própria mãe antes desta morrer de cancro. E é o pai quem lhe dá a receita da necessária redenção: a exemplo dele, Dexter só terá de continuar a viver como se Emma ainda fosse viva. O que ele se apressa a cumprir até porque é junto da própria filha, que quererá manter uma imagem de dignidade e de sensatez.
Não se trata, pois, de um grande filme, mas de todos os realizadores revelados pelo Dogma 95, Lone Scherfig sempre foi das menos interessantes.
Mas embora com algumas cenas de escusado primarismo, o resultado final até nem constitui nada de intragável. Para uma noite de fim-de-semana até pode passar por entretenimento aceitável...


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