Este Verão a arte de Caravaggio está presente em Toulouse e em Montpellier graças a duas exposições de referência a decorrerem respetivamente no Musée des Augustins e no Musée Fabre. E, segundo Bernard Géniés, que escreve sobre elas no «Nouvel Observateur», o interesse reside em compreender como é que um pintor completamente apostado em não formar discípulos, veio a exercer uma tal influência estética na Europa do seu tempo.
Mas detenhamo-nos um pouco sobre a personalidade de Michelangelo Merisi da Caravaggio, que nasceu em Milão em 1571 e ganharia fama, quer como pintor, quer como assassino. Dele se dizia que era tão talentoso quanto briguento, mostrando-se tão hábil com o pincel quanto com a adaga. Terá sido esta a provocar a sua desgraça já que matou um homem numa das muitas rixas em que se envolvia e teria de fugir para Roma como forma de escapar a uma condenação à morte.
Amigo de poetas, de banqueiros e de advogados, beneficiaria da proteção do alto clero, nomeadamente do cardeal del Monte, que adquiriu vários dos seus quadros, entre os quais «Os Batoteiros» de 1595.
Cinco anos depois a encomenda de dois quadros enormes - «A Vocação de São Mateus» e «O Martírio de São Mateus» para a capela Contarelli - assegura-lhe a devida consagração.
Mas o que tinham de inovador os seus quadros? A luz e os contrastes, claro! Nele a luz vem de cima sem se perceber a sua origem. Um dos seus biógrafos descrevia assim a sua especificidade: levou tão longe o seu método que nunca colocava as suas figuras ao ar livre ou iluminadas pelo sol, mas encontrava forma de as mergulhar na penumbra de um quarto fechado apenas iluminado por uma luz de cima descendo verticalmente para a parte principal do corpo deixando o resto na sombra para reforçar a violência do claro-escuro.
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