Silly season! Estamos mesmo nas semanas em que se manifestam todas as parvoíces. E já não bastando as cenas caricatas de Bruno de Carvalho, cujo desenlace será para ele uma provável tragédia, subsequente a tão grotesca farsa (invertendo a ordem da célebre constatação de Marx), temos Santana Lopes armado em Noé, ansioso por comandar a nau da Aliança. Até ver nem acontece Dilúvio - o outro estava obcecado com o Diabo! -, que lhe desse razão de ser, como parecem poucos os animais aliciados por nela entrarem. Os bípedes, mais espertos!, adivinham fútil o aliciamento, mas ele contaria sobretudo com os quadrúpedes, pois sobram muitos na área política em que anseia ter, senão uma palavra a dizer (algo difícil a alguém com tanta inocuidade mental!), pelo menos um lugarzinho ao sol, onde sinta compensada a neurose narcísica.
É paradoxal como, numa e noutra história, estão em causa egos atormentados pelo desajuste entre o medíocre talento e a vontade de protagonismo. A um interessa-lhe a tribuna no mundo dos futebóis, liderando hordas de destemperados hooligans. Ao outro importa ser mais do que um risível «presidente da junta» ao estilo do que Herman ilustrou num dos seus gags.
O programa político agora apresentado é uma colagem requentada de coisas que as direitas andaram a propor nas décadas mais recentes e nenhuma delas dando outro resultado, que não a desgraça das maiorias: cheque-ensino para acabar com o ensino público e dar fôlego aos colégios privados; seguros de saúde para acabar com hospitais e centros de saúde estatais para que o negócio da saúde seja rentável para os empreendedores, que com ele querem enriquecer; e, sobretudo, reduzir impostos para que acabem as veleidades constitucionais de estarem garantidos os direitos fundamentais trazidos pela Revolução de Abril e traduzidos na Lei Fundamental.
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