quarta-feira, 8 de agosto de 2018

A realidade que a fumaça dos incêndios tende a obnubilar


Não fosse o sabermos que quem manda nas televisões tem uma agenda permanente de combate ao governo e até poderíamos entender a cobertura mediática dos incêndios no Algarve como consequência da silly season, que reduz significativamente os assuntos apelativos, que garantam as audiências. Mas a evidência sobre o oportunismo vampiresco dos diretores de informação  de toda a imprensa é tal, que recorrem a tudo e mais alguma coisa para passarem a mensagem da ineficácia do governo, incapaz de obrigar o deus Eolo a reduzir a força com que sopra ventos em todo o país.
Não há quem elogie a preocupação com a segurança das vidas humanas, que obrigou à evacuação atempada das populações, mesmo quando os fogos pareciam distantes, o que gerou alguns focos de tensão com gente ignara, incapaz de perceber a rapidez com que quilómetros são galgados pelo incontrolável inimigo quando os ventos o fazem propagar com uma rapidez imprevisível.
Os altifalantes dos que se opõem ao governo prendem-se no que parece falhar, e calam-se quanto ao que de muito positivo tem sido a ação de todos os envolvidos em impedir que o sinistro ganhe dimensão ainda mais significativa. Perante as câmaras dos estúdios televisivos vão desfilando «especialistas», tanto melhor recebidos quanto mais ostensivos forem nas críticas ao governo. E ouvem-se atoardas, que dão para pensar se o calor excessivo não tem prejudicado o raciocínio de alguns dos que perguntam a Eduardo Cabrita se se justifica priorizar a salvaguarda das vidas humanas em detrimento dos eucaliptos incandescentes ou aos que acham estranho que quem andou a combater os fogos descanse no chão de um pavilhão (queriam o quê? Lençóis de cetim e havaianas a abanarem folhas de palmeira para os refrescarem?).
Há alguns, mais sérios, a levantarem a questão das excessivas manchas de eucaliptais, que se tornariam ainda mais extensas se Assunção Cristas tivesse durado mais alguns anos à frente do Ministério da Agricultura. Ferreira Fernandes, no «Diário de Notícias», sintetiza muito bem esse problema: «o peso do eucalipto no território português é um potencial perigo de incêndio. E esse perigo, com o aquecimento global, passou a ser uma certeza de verão. (...) O eucalipto mata de mais. E quando não mata é porque se gasta gente de mais, dinheiro de mais e tempo de mais, que não é descontado no que a indústria do eucalipto gosta de apregoar como vantagem nacional (ocultando aquele senão de despesas públicas). O eucalipto como causa de incêndio é um facto. Daqueles factos cuja repetição desobriga de mais explicações, tal como não é preciso ser um doutorado geógrafo para saber que o Sol nasce a leste. O incêndio nasce e nascerá cada verão onde há eucalipto. Muitos dirão que não, mas serão desmentidos pelos factos em cada próximo verão. Porque o aquecimento global - que ainda há pouco também era negado pelos mesmos muitos - nos lembrará essa inevitabilidade.»
Nesse sentido importará que o Governo não autorize as intenções do dono do «Correio da Manhã» em ampliar a fábrica da Celtejo em Vila Velha do Ródão, que além do historial de poluidora do Tejo e de incêndios no seu perímetro, precisará sempre de mais eucaliptos para aumentar o volume dos seus negócios. Ora para que Paulo Fernandes enriqueça e possa prosseguir o afã de manter os vómitos em forma de pasquins, que poluem o nosso quotidiano mediático, a consequência imediata será sempre a de virem a repetir-se megaincêndios como o que agora lavra, com danos em vidas humanas e bens materiais, que ele nunca será chamado a indemnizar.
Temendo, porém, que a novela dos incêndios não baste para manchar a excelente obra em curso concretizada pelo governo, ontem e hoje, têm-se repetido notícias dele não ter conseguido contratar 117 médicos para o Serviço Nacional de Saúde no âmbito do concurso recentemente aberto para o efeito. E, no entanto, justificava-se que tivessem recorrido a grandes parangonas para anunciarem que o mesmo concurso garantiu um aumento de 1117 médicos a acrescentarem-se aos que estão diariamente a trabalhar ao serviço das populações. Podendo anunciar os 90% de sucesso na iniciativa do governo, quiseram prender-se nos 10%, que faltaram para que o êxito fosse total.
O que, porém, incomoda quem tão despudoradamente manipula a realidade, acinzentando-a tanto quanto possível, para que dela se não realcem os aspetos mais coloridos, são os recentes indicadores sobre a redução do desemprego, o aumento do emprego e o aumento do rendimento das famílias. Como salientou João Galamba no facebook «se o desemprego nos 6,7% é uma excelente notícia, é ainda mais relevante a forte aceleração do rendimento médio mensal líquido, que passou de crescimentos abaixo dos 2% para uns expressivos 3,5% no primeiro trimestre de 2018, acelerando ainda mais no segundo trimestre, para 4,2%.»
Fica explicado porque, apesar do permanente matraquear de falsidades contra o Governo, as sondagens continuem a ser o que são.


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