Estará por esclarecer se Paddy Cosgrove utilizou a possível presença de Marine Le Pen na Web Summit como estratégia de marketing ou para testar a reação do governo português a possíveis provocações, como forma de agir mais eficientemente se concorrência mais forte em termos de patrocínios ao seu evento lhe surgir de outras paragens antes de acabado o prazo negociado para aqui o realizar.
Embora não faltassem reações indignadas nas redes sociais, instando o governo e a Câmara de Lisboa a darem um merecido puxão de orelhas ao irlandês, António Costa e Fernando Medina agiram com a sua reconhecida prudência escusando-se a darem-lhe argumentos para mudar de ares onde a sua autonomia de decisão não se visse condicionada.
Ainda assim, e apesar de estar confirmada a exclusão da líder da extrema-direita francesa, continuam a surgir tomadas de posição sobre o assunto, como se ele merecesse mais chuva no molhado. No «Público», para além do tonto J. M- Tavares, que ali mantém injustificada sinecura, ele é também abordado por um conselheiro nacional do PSD, um tal Rodrigo Gonçalves, que vem propor beijinhos e abraços aos que ostentam discursos odiosos. Com eles, prega o apóstolo laranja, deve-se mostrar tolerância.
Tolerância?, pergunto eu. A História do século XX, e outros sucedâneos da besta fascista já neste século não são suficientemente elucidativos quanto a não se justificar qualquer complacência à sua mínima manifestação de existência? Se o fascismo é violento por natureza, a própria Ciência ensina-nos que a resposta à sua ação só pode ser outra de igual dimensão. Proibindo-o, silenciando-o, diabolizando-o. Democraticamente, claro! E não se leia nisto qualquer contradição, porque não pode haver indulgência com quem odeia os conceitos fundamentais da Liberdade, da Igualdade e da Justiça.
O laranjal político não é para aqui convocado pelos piores motivos apenas neste caso, já que soube-se agora que o Conselho Estratégico Nacional do PSD acaba de emitir uma proposta para privatizar o Serviço Nacional de Saúde. Numa altura em que é consensual a necessidade de melhorar significativamente a qualidade do seu desempenho, garantindo a universalidade, e tanto quanto possível a gratuitidade dos seus cuidados, os autores do documento passam a escrito o pensamento de Rui Rio, confesso defensor do princípio da ««igualdade» e «concorrência» entre os prestadores públicos e privados, sob o falso argumento de não caber ao Estado «fazer tudo».
Apesar de tantos dos seus dogmas terem sido desmentidos nos anos recentes, as direitas continuam sem nada aprenderem.
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