sábado, 4 de agosto de 2018

As promiscuidades de Marcelo com os especuladores imobiliários


Anteontem estava à espera da resolução de um problema burocrático quando me surpreendi com a confissão pró-marcelista de pessoa amiga, que sei eleitora socialista e cujo primogénito é até militante no mesmo partido. Em pessoas menos definidas politicamente ainda admito, que a ilusão pelo selfieman persista, mas em quem optou por escolha mais à esquerda, é-me difícil aceitá-lo. Daí que a minha reação não tenha tido a diplomacia, que a situação mereceria. No entanto, Marcelo tudo tem feito para ver desmistificada a sua personalidade calculista e perversa, como quando terá vitimado o próprio Paulo Portas, quando este ainda dirigia o «Independente».
No caso do veto à legislação parlamentar, que acautelava o interesse dos inquilinos nos casos da especulação imobiliária, que permite a venda em bloco de edifícios facilitando o inopinado despejo daqueles, Marcelo atuou em consonância com os que, furtivamente, tinham dias antes utilizado o caso Ricardo Robles para criar o clima favorável a este desfecho. Mas agora sabe-se mais: o assessor do presidente, que lhe terá preparado a fundamentação do veto é sócio da sociedade de advogados, que representa a Fidelidade, precisamente a seguradora pertencente aos chineses da Fosun, que se prepara para fazer um negócio chorudo antes que a Assembleia da República tenha tempo bastante para contrariar o veto presidencial e voltar a impor a legislação, que proteja os interesses dos inquilinos.
Nesse sentido caberá perguntar a Joana Marques Vidal se esta promiscuidade entre os serviços da Presidência da República e as empresas diretamente beneficiadas pelo seu veto não merece ser investigada pela vantagem colhida pelos clientes do referido assessor com tal decisão? Ou, uma vez mais, a Procuradoria Geral da República continua a analisar ilícitos quando as suspeitas recaiam sobre quem é de esquerda, continuando a deixar os vigaristas e especuladores das direitas a prosseguirem alegremente as suas negociatas sem que ninguém os incomode?
O «Expresso» traz, igualmente, outra marcelice, que urge ser denunciada. Habitual conviva dos portugueses mais endinheirados, de quem colhia, entre outros benefícios, convites para férias faustosas, Marcelo chegou a Belém com o propósito de abreviar tão rapidamente quanto possível o governo das esquerdas. Precisava para tal de um líder laranja, que lhe servisse de cúmplice, já que Cristas, por mais peixeirada que organize, nunca passa da dimensão de líder de pequeno partido para o qual um pequeno autocarro basta para transportar o seu grupo parlamentar. Deu oxigénio a Passos, porventura a acreditar que o pacto com o Diabo surtisse efeito, mas nem com a ajuda dos incendiários de 2017, a pujança da solução governativa perdeu gás. Rio sempre lhe terá parecido um patinho feio, mas esteve uns meses na posição de «ver para crer», expectante que improváveis fatores influenciassem favoravelmente os seus desígnios. Agora, enquanto foi assumindo para as televisões, que a recandidatura a novo mandato é questão ainda por decidir (lembremo-nos que na campanha eleitoral para as eleições de 2016, ele afirmara bastar-lhe um único!), procura agir ativamente na transformação do seu partido para procurar que António Costa não consiga cumprir mais uma legislatura à frente da renovada maioria parlamentar. Por isso faz avançar Pedro Duarte, o diretor da sua campanha presidencial, e quase por certo o seu lugar-tenente mais próximo, para que corra com Rui Rio, congregue os apoios financeiros das maiores empresas do país, conte com o entusiasmo dos altifalantes disfarçados de jornalistas nas televisões e nos jornais e pareça apresentar uma alternativa nova, que seduza o eleitorado com a facilidade com que ele próprio o ludibriou.
O semanário de Balsemão anuncia esse golpe palaciano em curso com o maior dos entusiasmos. Espero que essa pessoa amiga e outras que se assemelhem não se mostrem tão permeáveis a tão estrondosa manipulação como o demonstraram quando permitiram que o filho e afilhado de figurões da Ditadura viesse sentar-se numa cadeira, que nunca deveria ter sido sua.

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