segunda-feira, 13 de agosto de 2018

O que Lisboa mudou em vinte anos


Ando a ver videocassetes há muito gravadas e destinadas a serem descartadas tendo em conta o desaparecimento dos aparelhos em que as continuaria a utilizar. O acaso fez com que hoje me surgisse à frente dos olhos um documentário francês de 1998, assinado por Yves de Peretti e Inês de Medeiros, tendo por título «Lisbonne existe-t-elle?».

Constituiu a oportunidade para ver e ouvir as palavras de João César Monteiro e de Hermínio Monteiro, ambos já falecidos, mas a darem da cidade uma perspetiva tão pessoal como a de Pedro Cabrita Reis ou Helena Roseta. Mas o documentário serve, sobretudo, para constatar como a capital evoluiu nestes últimos vinte anos. A cidade velha, suja e degradada, deu lugar à que hoje conhecemos, requalificada e bonita. Graças, sobretudo, às presidências assumidas sucessivamente por João Soares, António Costa e Fernando Medina, todos eles importantes na efetiva mudança verificada. Alguns lembrar-se-ão de terem andado Santana e Carmona de permeio, durante longuíssimos e paralisantes cinco anos, mas, além do polémico túnel das Amoreiras, alguém se lembrará de algo mais que eles tenham concretizado de efetiva relevância para a vida de quem vive ou visita Lisboa?
A surpresa é tanto maior quando constatamos que a rodagem deste documentário coincidiu com as obras levadas a efeito para a Capital Europeia desse ano, que transformou significativamente o Parque das Nações. Havia uma obra de fundo em curso para modernizar a cidade, mas quando captaram as imagens a serem integradas no filme, os realizadores encontraram esse lado oriental ainda convertido num gigantesco estaleiro de obras.
É singular olharmos para Inês, que também se encarrega das entrevistas, e ainda a vermos como uma gaiata, mas já com o talento que lhe havíamos conhecido na dezena e meia de filmes interpretados até essa mesma altura. Nesse sentido, e muito embora seja apoiante indefetível da gestão autárquica, que conduz em Almada, podemos sempre interrogarmo-nos se não perdemos atriz e realizadora de mérito, para ganharmos em troca uma política ainda em emergente prova de fogo...

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